segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

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"O nosso lar começa no coração"
Mestre dos Magos*


Ontem eu assisti ao filme do título deste post. Como todo filme, há inúmeras possibilidades de se compreender a sua mensagem. Para este texto, eu escolhi duas.

Podemos ver como mais um filme sobre humanos vs ETs, cada um lutando pelo o que acredita, como outros duzentos que já vimos. Sob este ponto de vista, o filme é carregado de clichês (bom, o filme é carregado de clichês sob qualquer ponto de vista..) mas possui uma estética incrivel, mensagens ecológicas bonitas e muita cena de ação. Assim, é um filme bem bacana.

Mas é possível Ve-lo (há diversos momentos no filme em que o verbo ver é usado com letra maiúscula, por isso assim o usei nesta frase) com outros olhos, que foi a forma com a qual eu escolhi ver. Pra mim, este olhar torna o filme genial. É o ponto de vista da espiritualidade.

Os moradores daquele planeta representariam uma sociedade formada por seres mais evoluídos espiritualmente. Seria, a grosso modo, uma brincadeira para exemplificar mundos astrais superiores para onde nós - ou melhor, aqueles que se trabalhassem energeticamente - passaríamos a viver.

Obviamente não estou propondo que o próximo passo para os humanos na escala evolutiva seja a vida aborigene. O que me levou a ter esta visão são outros fatores, os quais cito alguns:

- a profunda relação de respeito pela Natureza e todos os seus seres. Sem conceitos ou chavões (como vegetarianismo, defesa dos animais, ecoxiitismo). Simplesmente um elevado senso de respeito pelos seres que habitam o mesmo planeta que eles e pelo equilíbrio que eles trazem para a Vida.

- o senso de fraternidade e solidariedade entre os membros da sociedade.

- a liberdade que eles defrutam no meio em que vivem

- a ausência de Medo nos seus corações

- um relacionamento saudável com o proprio corpo físico, mantendo-o forte e sadio para as atividade necessárias para a sobrevivencia

- uma relação bonita com o sexo, sem demonizar nem endeusá-lo, mas tratando-o apenas como um ato de amor entre dois seres

- um alto grau de devoção à Força Criadora

Antes de assistir ao filme, se alguém me perguntasse o que compreendo ser o objetivo do estudo espiritual, eu tentaria dizer algo como limpar o medo do nosso coração, fazer com que sejamos mais livres de condicionamentos estúpidos e castradores, trazer serenidade e paz e, em ultima instancia, nos elevar para mundos mais felizes onde os seres vivam de acordo com estes preceitos. Ou seja, o trabalho espiritual (ou energético) visa a nos capacitar para vivermos de forma mais livre e feliz. E acho que o filme diz isso de forma bela e eficaz.

As Religiões de massa têm feito um trabalho muito esquisito com a nossa alma. Nos deixam com medo. Nos travam (só como exemplo, o Deus descrito no Velho Testamento - que é a base do Judaísmo e de boa parte do Cristianismo - é um ser incrivelmente vingativo e mesquinho).Demonizam uma série de aspectos que são intrinsecos à nossa natureza (como a agressividade e a sexualidade). Na minha ótica,tudo o que a Espiritualidade não é.
E os resultados disto são uma massa de seres infelizes, castrados e julgadores ou pessoas completamente avessas à Religião (como eu fui a minha vida inteira). 

A nossa geração tem uma linguagem própria. Ninguém levaria a sério um cara que saisse por aí pregando métodos para nos trazer felicidade e curando leprosos como Jesus fez. Se ele subisse em um monte e dissesse o que disse no Sermão da Montanha provavelmente seria motivo de piada.Fora que ninguém entenderia nada. Acho que as mensagens só conseguem chegar para nós através dos canais que nos são familiares, como o cinema. Filmes como esse, livros como os de Saramago, algumas canções que nos trazem muita alegria e beleza são essenciais para que consigamos quebrar essa imagem turva que temos da espiritualidade.

Sem querer dar uma de profeta ou dizer que a minha visão é " visão correta" (eu tenho total noção que posso estar falando uma bobagem incrível mas, como disse no começo do texto, foi a maneira que eu ESCOLHI enxergar) mas quem sabe um dia a Humanidade comece a entender que é possível viver melhor. Que as mensagens dos mestres espirituais (que são sempre as mesmas) só visam a nos fazer mais felizes e livres.

É só uma questão de cada um trabalhar para mudar a energia do próprio coração.


* Eu vi hj um capítulo da Caverna do Dragão e ele realmente proferiu esta frase...

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Eu adoro Brasília

O assunto bairrismo me irrita. Eu acho uma pequenez de alma dizer coisas como "RJ é melhor que SP" ou " em Recife todo mundo é assim". É claro que os lugares têm suas características e também os habitantes demonstram determinados comportamentos de acordo com os códigos do local mas geralmente não curto generalizações (hehe, essa construção ficou ótima). O RJ é muito melhor do que SP em vários aspectos e muito pior em outros.Muitos recifenses comportam-se de um jeito mas muitos não, ué.

Mas tem um lugar do Brasil que tem uma mágica especial. Um lugar sobre o qual eu nao consigo não generalizar. Mas é uma generalização para o bem.

A nossa querida capital federal.

É um lugar absolutamente lindo, com avenidas largas, bem planejado, limpo e organizado.

Os prédios lá erguidos, na sua esmagadora maioria sedes de estatais ou órgãos governamentais, são belos e resplandecentes. Às vezes vemos uns hóteis mas estes são feios e cafonas.

E as pessoas que lá moram? Incríveis. Olha que eu já rodei a Europa inteira (literalmente) mas ainda tô pra conhecer povo mais edificante, sincero, competente e com ardor para o trabalho que o de Brasília.

Eu nao sei se é pelo fato de que quase todo mundo lá ocupa um cargo importante em algum órgão mais importante ainda ou é filho de alguém que ocupa um cargo importante em algum órgão mais importante ainda mas é impressionante como a cidade inteira respira trabalho e vontade de crescer.

E o que dizer da sinceridade? Pessoas íntegras, preocupadas com o objetivo comum da evolução social do país e que sempre tratam o seu próximo com muito respeito.

Eu trabalhei por alguns meses em um órgão cuja sede é em Brasília. Infelizmente não foi assim em uma Petrobras, Correios ou um Ministério qualquer. Era só um órgaozinho chinfrim cuja finalidade até hoje permanece obscura pra mim. Mas movimenta uma boa grana. E também serve para que muita gente se encaixe profissionalmente e possa abdicar da tarefa chata de pensar. E eu agradeço a Papai do céu todos os dias por ter tido essa oportunidade ímpar de conhecer o modelo de gestão brasiliense. Era algo que faltava na minha formação como profissional e ser humano (como se uma estivesse dissociada da outra...).

A maturidade com a qual decisões são tomadas me fez aprender muito. A forma inteligente com a qual as relações pessoais são criadas e destruídas é de deixar qualquer psicólogo muito feliz. A capacidade de transformar dinheiro em mais dinheiro, contatos passageiros em grande alianças e egos inflados em profissionais construtivos e indispensáveis me faz crer que Brasília é um celeiro de Bill Gates ou Mahatma  Gandhis que infelizmente não foram descobertos pela Grande Mídia.

Não deve ser à toa que os grandes líderes da nossa nação gostam tanto da terra que tem a noite mais bonita do Brasil.

Hoje sou um profissional melhor. Com mais clareza da situação do meu país. Com mais fé no nosso futuro.

E devo tudo isso aos meus compatriotas de Brasília.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A paz

"Did you exchange a walk on part in the war for a lead role in a cage"?
Pink Floyd

Volta e meia ouço aquele famoso papo de algum conhecido "poxa, outro dia vi um gari varrendo a rua assobiando. Ás vezes fico pensando se o pobre não é muito mais feliz do que o rico."

Ou então o velho papo de "largar tudo e vender coco na praia." Geralmente isto é dito por alguém que tem um carrão bacana e se amarra em prazeres caros...dá vontade de lembrar que vendendo coco na praia nao vai rolar manter o carrão mas aí lembro que é só um desabafo da pessoa e desencano..o problema é se esse desabafo acontece toda hora né...mas enfim...

Eu não acho que o pobre seja mais feliz do que o rico. Pegar busão lotado, ver o filho estudando em escola pública, encarar fila do SUS é ruim pra cacete. Quem me conhece sabe que não sou o cara mais materialista do mundo mas adoro varios prazeres que o dinheiro proporciona. E acho que todo mundo gosta.

Acho que o ponto está em quanto a pessoa tem paz. É isso, na minha opinião, que faz um cara ganhar a vida varrendo a rua cantando. Ele tem paz naquele momento.

E a paz pode vir ou não em qualquer um. Rico ou pobre. Branco ou preto. Velho ou jovem. A sensação de paz é a que mais se aproxima, pra mim, do que buscamos por "felicidade".

No nosso mundo de hoje muito se fala de excitação. Adrenalina. Paixão. Tesão. É claro que tudo isso tem o seu lugar mas nada se compara à paz. Poder sentar em um praça e tomar um sorvete. Só isso. Conversar com um amigo sem mais nada na cabeça. Brincar com seu filho.

Estar presente. Paz pra mim é estar presente. E eu acho essa sensação muito mais valiosa do que qualquer excitação.

O que traz a paz? Não faço a menor idéia, se soubesse escreveria um livro de auto ajuda e ficaria milionário. Mas tenho algumas sugestões que os meus anos de vida me trouxeram. Lá vai:

1 - Pouco apego ao que se tem.

Vejo que as pessoas mais plenas no momento não tem muito apego ao que possuem materialmente. Talvez seja por isso que nos acostumamos a ver muitas pessoas pobres sorridentes. O cara tem muito pouco a perder. Em compensação vemos a classe média sofrer com crises e transtornos, morrendo de medo de perder o que conquistaram.

Eu não disse "não dar valor ao que se tem", disse "pouco apego". Saber que o que se tem é bom e deve ser tratado com cuidado mas tentar desenvolver uma atitude de "ah, se a vida quiser tirar, tá tudo bem." talvez seja saudável. E aí tanto faz se tudo o que você tem é uma geladeira velha ou se possui uma ilha em Angra, poderá se sentir mais leve.

2 - Tentar se preocupar menos com o futuro.

Isso é foda. Quase vamos à loucura com pensamentos sobre o futuro. E somos tão doentes que 95% das vezes pensamos que vai dar bosta.

Desencana. Deixa rolar. Faça a tua parte (estude se precisar estudar, trabalhe se tiver que trabalhar, exercite o autoconhecimento) e deixe que o destino faça a parte dele. Que venha o que houver de vir.

Talvez porque as pessoas de menos posses se acostumaram a sambar conforme a onda do momento, nos pareçam mais felizes.

3 - Espítirualidade

Lá vou eu de novo. Quem lê meus posts não deve aguentar mais me ouvir falar de Espiritualidade. Mas a parada é real. Muda completamente a vida de alguém.

Geralmente a galera mais humilde tem uma vida tão sofrida que não tem outro jeito senão se apoiar na Religião. Usei a palavra Religião de propósito pois é isso que vejo, Religião ao invés de Espiritualidade. Mas tudo bem, é melhor do que nada. E isso pode ser um outro fator que traga mais paz para eles.

Mas todo mundo deveria (bom, sei lá se todo mundo, pelo menos pra mim tem feito muita coisa boa) buscar o mesmo apoio. Cada um de acordo com a sua afinidade intelectual. Pensar que a vida é só isso aqui deve ser muito massacrante.

4- Cuidar do corpo

Já que falei de cuidar da alma no item anterior, nao podemos relegar esse outro aspecto da nossa natureza.
É difícil ter paz com dor nas costas. Ou se não gostar do que vê no espelho.

5 - Deixar de se sentir importante.

Eu coloquei em ultimo mas acho que o mais importante de todos. Carregamos um peso enorme nas costas por nos darmos importância demais. Sou o diretor da empresa, muita coisa depende de mim. Sou o provedor da familia, sem mim meus filhos passam fome. Sou dotado de inteligencia e talento, preciso devolver isso pra vida....precisa nada.

Relaxa, nós somos só mais um no meio desse montão de gente. Se morrermos, uma meia duzia vai chorar e o mundo continua, como sempre foi.

Você pode ser o presidente da empresa. Show de bola. Vai ganhar um dinheirão. Faça o seu melhor. A vida te pos lá porque você manja do riscado. Mas não se considere mais importante do que ninguém. Isso só trará infelicidade. O gari nao se acha importante.É leve.

Eu espero, sinceramente, que possa cada vez mais ser e me sentir menos importante.

Enfim, só quis dividir algumas observações. Tomara que os momentos onde eu sinta paz sejam um pouco mais frequentes do que atualmente.

putaqueopariu....

Eu votei no Kassab. Só no segundo turno. No primeiro eu votei na Soninha, foi a maneira de eu dizer que não queria mais nada do que estava aí, Alckmin, Kassab, Marta, Maluf e a casa do carai...No segundo turno não tive escolha, era Kassab ou Marta. Votei no cara.

De 2008 para 2009, o IPTU do apto onde moro subiu quase 40%. 40% em um ano. Agora há um projeto prevendo mais um aumento que pode chegar até a 60% no IPTU em algumas regiões. Não sei se onde moro haverá aumento mas muitos alguéns pagarão mais caro.

Cara, é o fim do mundo. Como alguém, em sã consciência, seja no Legislativo ou no Executivo, tem a pachorra de propor ou de aprovar qualquer tipo de aumento de imposto no Brasil? Já pagamos imposto pra caralho. Pra caralho mesmo, se não me engano nossa carga tributária é a segunda do mundo. Atenção, a segunda!! Pagamos mais impostos que os canadenses, que os japoneses, que os suecos, que os marroquinos, que os arabiasauditenses (sei lá como chama quem nasce nessa porra), que os americanos, que os nicaraguenses, que os srilanquenses, que os cambojnanos, que os letões, que os seychellenses, que os gregos, que os israelenses..enfim, acho que vc já entendeu...

Hoje li no Estado que a bancada municipal do PSDB se ausentou de uma votação para aprovar um aumento no salário do prefeito, da vice e dos secretarios. O salário do prefeito iria para algo proximo de R$ 23k. O da vice para perto de R$ 21k e dos secretários, R$ 19k. A votação foi adiada por falta de quórum. A bancada do PT apoiou o boicote. O líder da bancada tucana explicou "que há outras prioridades".

Há outras prioridade? Puta que o pariu, eu nao consigo pensar em nada menos prioritário e mais fora de hora do que aumentar o salário desses caras.

Enchentes, transporte publico nojento, aumento de imposto, escandalo no DEM e os caras estão votando aumento de salário? Fico pensando um suposto diálogo entre mim e meu chefe em alguma empresa onde trabalhei:

- Então chefe, já faz um tempo aí que nao tenho aumento, vamos conversar sobre isso?
- Vamos sim, deixa eu ver como está sua área....hum, vejamos, vocês perderam 03 clientes importantes no ultimo trimestre, a receita caiu 12%, as áreas compartilhadas reclamaram 141 vezes de vocês no ultimo ano, você faltou 4 vezes, a pesquisa de clima mostra que 61% dos seus funcionários estão insatisfeitos...legal, pode passar no RH e pegar seu aumento...

Poucos assuntos me causam mais asco e desprezo do que a Política. Eu sei que nao deveria ser assim, que os cidadãos deveriam se politizar e lutar por mudanças. Mas eu quero que se foda. Cansei de ter meu ouvido feito de pinico. Pra mim ninguém ali presta. Ninguém. Todos estão preocupados apenas com o proprio interesse. PSDB, PT, DEM, PPS, PP e sei lá mais o que. Quero que tudo se exploda.  Fico vendo amigos defendendo o Lula, outros as privatizações do governo tucano, outros a volta da ditadura militar e penso "dane-se tudo isso. no fim tudo se resume a aumento de imposto e corrupção"

Só vou me encantar de novo se algum candidato propuser redução da carga tributária e diminuição do Estado. Só isso me interessa. Mais dinheiro nas maos da população (e aí cada um decide o que faz, se compra o megablaster carro importado, se doa pra ONG, se vai no puteiro, se ajuda o mendigo) e menos burocracia. Nada além disso me encanta mais.

E se vier falar de política pra mim, vou gentilmente xingar a mãe.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Isso seria um comentário no post anterior mas ficou grande, então o transformei em um novo post (recomendo a leitura do post Não conhece a Zelia? Foda hein.. e seus comentários)

O Masamune disse que ouviu GN'R e lembrou do clipe, com o AXL assobiando. E o que dizer do clipe de Welcome to the Jungle? Até hoje arrepio ao lembrar do Axl gritando no começo da música e as cenas de barbárie e quebradeiras aparecendo no vídeo. Simplesmente sensacional.

Ontem estava em um almoço que a namorada do meu irmão e ele ofereceram (aliás, puta rango animal...)..enfim, entre os diversos assuntos, conversávamos sobre a passividade e conservadorismo desta geração de 20 e poucos anos. A sensação que tenho é que a rebeldia, o espírito transformador e a gana por mudar o mundo desapareceram da mentalidade dos jovens.

A gente, ao ficar mais velho, obviamente vai entendendo uma série de circunstancias do mundo e vai se adaptando. É normal e é assim que tem que ser.

Porém, o que faz o mundo evoluir (por mais que tentem me convencer do contrário, eu acredito que o mundo hoje é um lugar menos bárbaro do que há 2.000 anos) é o choque de gerações, é a gana por transformação que acomete principalmente a juventude. Se Thomas Edison, Darwin, Freud e Da Vinci tivessem mais precupados em arrumar um trampo convencional, casar e passar os fins de semana na colonia de férias da empresa na praia, provavelmente a Humanidade estaria usando lampião, acreditando que o trovão é Deus com raiva de nós e psicanálise seria uma palavra tão absurda quanto rfrtrgtiinujkho.

É claro que não estou impelindo aos jovens a carga de serem grandes gênios transformadores da Humanidade. Cada um que siga o seu caminho. Mas é muito difícil remar contra a maré. Se a sua geração pensa prioritariamente de um determinado jeito, só os muito loucos mesmo é que vão ser vozes dissonantes. E aí a chance de grandes transformações sociais cai a quase zero.

É uma pena.

A minha geração que hoje já cruzou o Cabo da Boa Esperança dos 30 anos e que cresceu com o movimento grunge, sonhando em "ir pra California e levar a vida sobre as ondas" e que, naturalmente, está aos poucos envelhecendo e perdendo o viço, olha para quem deveria passar o bastão e talvez fique triste com o que vê.

"you know where the fuck you aaaaaare? you are in the jungle baby........"

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Não sabe quem foi a Zelia? Foda hein...

Fuçando pela net achei um blog engraçadão (http://joselitando.blogspot.com)/

copiei na cara dura um post dos caras...genial..

fui

EU NÃO LEVO A SÉRIO QUEM NASCEU NOS ANOS OITENTA

- "Não vá embora, fique um pouco mais. Ninguém sabe fazer o quê você me faz..."


- Que lindo!!! Essa música do Ira! é muito legal.

- Também acho a música linda, mas não é do Ira!. É do primeiro disco da Legião, oras.

- Que absurdo, claro que não. Eu tenho essa música em um disco que o Ira! lançou há alguns anos. Larga de ser burro. Claro que é do Ira! Imagina só, Legião. Eu mudo meu nome para Sandra Rosa Madalena se essa música não for do Ira!

- OK. Não vou discutir. Depois a gente conversa, então



E assim, com esse diálogo com uma amiga muito simpática (http://www.marianaceratti.blogspot.com/), mas igualmente cabeça-dura, comecei a perceber uma coisa: eu não levo a sério as pessoas que nasceram de 1º de janeiro de 1980 em diante. 31 de dezembro de 1979 tá perdoado. Mas quem nasceu nos anos 80 (ainda que a década de 1980 comece mesmo em 1981) não tem meu respeito.Não vou maltratar essas pessoas, pelo contrário. Tenho vários amigos e amigas que deram o azar de não terem vivido nos anos 80. Gosto deles. Mas não os levo a sério. Não tem como.

Tipo assim, como eu vou dar papo para um cara que se mete a falar de música se ele não sabe nem o que é um disco vinil? Se ele jamais penou pra gravar um vídeo de qualquer coisa com um VHS? Se o cara acha que as festas anos 80 que o Paulinho Madrugada faz em Brasília são como os bailes da brilhantina pros nossos pais?
Não, eu não sou velho. Tenho quase 30 anos, mas não sou velho. Apenas tive a sorte de viver numa década onde aconteceram muitas coisas. E essa gurizada, como a amiga que jurou ser rock and roll mas não sabia nem que “Teorema” era da Legião, é a mesma que acha que o Capital Inicial começou a existir com o Acústico (“Pneus de carro cantaaaaaaaaaaaaaaaaaaammmmm... tchuru-tchururuuu....”). Não se lembram do Dinho pobre coitado cantando em churrascaria em São Paulo, para sobreviver. Neguinho acha que videogame é em três dimensões em com cinqüenta botões. Tudo tão fácil quanto complicado. Não quebraram a mão jogando Decathlon no Atari. Hoje em dia só fazem isso quando batem uma punheta – coisa que a gente fazia jogando X-MEN no Atari. Uma não, várias. Ridículos!!!


Eu sou um cara legal. Adoro conversar com as pessoas e ouvir as opiniões delas, principalmente quando são diferentes das minhas. Mas, sinceramente, quando você olha a experiência de vida de um ser que nasceu depois dos anos 70, dá vontade de rir. Neguinho acha que a Xuxa é a rainha dos baixinhos porque ela faz música pra criança e diverte a molecada com mensagens e filmes cândidos. Não lembram da vadia dando que nem um cadela no cio para um moleque em “Amor, estranho amor”, de 1982. Não lembram nem que ela era da TV Manchete.


Como eu vou discutir futebol com um moleque que só viu gol do Zico, do Maradona, do Platini e do Van Basten em VTs? Nego não sofreu com futebol. Não pode falar porra nenhuma. Ficou mal acostumado. Só viu o Brasil chegar em final de Copa. Não sabem nem quem é (ou foi) o filha da puta do Caniggia. Ah, fala sério. Para esses pirralhos, o nome Paulo Rossi é, no máximo, o de um famoso jornalista esportivo de Brasília. Só isso? Não diz mais nada? Ah, vá pentear macacos. A molecada mal começou a andar e escrever e já quer me dar aula de futebol? Como diria o Romário (Nota pra geração 80: Romário é um atacante de renome mundial, um dos maiores da história, herói da conquista do tetracampeonato, que vocês não devem ter visto), “mal entrou no ônibus e já quer sentar na janela?”.

A imagem de história, personagens e situações dessa galera é totalmente deturpada.Vejam se não tá tudo errado para eles. E olha que só estou citando alguns pontos, nos aspectos político, econômico, cultural, histórico e esportivo. Sobra pouco assunto:


* Madonna é uma mãe de família que canta bate-estaca (e não uma pós-adolescente pervertida que sabia fazer música legal).

* Michael Jackson é o filha da puta que enraba criancinha (e não o astro que fez uma porrada de música bacana).

* José Sarney é um “cara aí do Congresso” (e não o comedor de merda que ficou cinco anos na presidência).


* WAR? Banco Imobiliário? Esquece!!!


* Moeda circulante é o Real. E não tem inflação. Diz que um sujeito que cresceu assim não é alienado? Não sabe o que é Plano Verão, cortes de zeros, etc.

* Pra quem mora em Brasília, ir AO shopping, era suficiente pra entender aonde você tava indo. Hoje em dia, as crianças mimadas cresceram cercadas de mil opções. Vida fácil.


* Na Fórmula 1, vocês torcem e ficam felizes quando um brasileiro entra na zona de pontuação. Patético. Masculino era quando a gente chegava em segundo e queria dar porrada no cara. Mentalidade loser pós anos-80.


* Ilha da Fantasia? Para essa galera, deve ser algum paraíso fiscal no máximo. Tatu, então, é só bicho que os Mamonas citam em "Mundo Animal". Deprê.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

É mais fácil do que pensamos

Eu tenho a solução para a TV aberta. É sério. Se seguirem as minhas dicas, o Brasil vai chegar ao Primeiro Mundo em poucas gerações. Vamos lá:

- A TV Cultura pode continuar como está. A programação é legal.

- O SBT deveria passar somente pegadinhas do Topa Tudo Por Dinheiro, principalmente as que foram protagonizadas pelo Ivo Holanda ou pela Ruth Ronce (ela ainda tá viva?), Ah, de repente voltar com o Bozo pode ser umas...e talvez incluir algumas edições do Roletrando também pode ser uma boa idéia.

- A Globo deveria substituir toda a programação por imagens da Renata Vasconcelos. Bem, o Globo Esporte pode continuar, aquele moleque é engraçado.

- A Bandeirantes deveria fazer tipo um Big Brother de 24 horas, sete dias por semana com a Renata Fan. Tipo mostrar a Renata Fan acordando, tomando café, fazendo cocô enquanto lê a Marie Claire, indo trabalhar, trabalhando, indo ao supermercado, escolhendo abacaxi, essas coisas...aí na quarta à noite entram os jogos do Todo Poderoso Alvinegro de Parque São Jorge (pausa para reverência e oração).

- A Record faria a mesma coisa, só que com a Ana Hickmann.

- A Rede TV...bem, a Rede TV....olha, a Rede TV pode ser tirada do ar, ninguém vai sentir falta.

- A MTV tem coisas legais. Poderiam deixar os programas da galera do Adnet e o resto do tempo ficar passando clipes do Alice in Chains.

- A TV Senado também pode ficar como está. Seria necessário apenas incluir aquele som de risada que tem nos seriados americanos... manja quando fulano diz algo engraçado do tipo "mas a minha sogra é um xuxu" e aí soltam uma gravação de risada "hahahaha"?..então, era só incluir essa risada nas falas dos senadores...

hum..pensando melhor, o SBT também podia substituir as pegadinhas pelo Big Brother da Ellen Ganzaroli...

Putz, já ia me esquecendo da TV Gazeta...vejamos...já sei, a Gazeta podia se especializar em desenhos animados...passar um pouco de Pica Pau, Supermouse, Tutubarão, Capitão Caverna, Lula lelé etc.

Não seria incrível?

pensamento do dia

Qual seria a sua idade se vc não soubesse quantos anos tem?

Dizem que esse pensamento é de Confúcio

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Pra que, meu deus, pra que?

Acabei de assistir a Bastardos Inglorios. E confesso que estou abismado.Antes de continuar, preciso dizer que contarei coisas do filme portanto se você ainda não viu e pretende, é melhor não ler esse post.

Bom, vamos lá, continuando.

Ao sair do cinema, duas coisas ficaram martelando a minha cabeça sem parar.

A primeira: é possível, em qualquer tipo de comunicação, seja um mero dialogo seja uma obra de arte, separar o conteúdo da mensagem da forma com a qual ela é transmitida? Eu penso que não. Um quadro do Monet que retratasse miolos humanos esparramados em vez de lindas paisagens francesas geraria uma reação totalmente diferente no espectador. Dizer "você é a mulher mais encantadora do mundo" de uma forma rude e agressiva mudaria completamente o entendimento da receptora.

Não sou crítico de cinema, nem quero ser, então vou falar apenas da impressão que este filme me causou. Fazia muito tempo, mas muito mesmo, que eu não achava um filme tão ruim. Ruim não é a palavra, é claro que o filme sob aspectos técnicos é bom. Mas me refiro à forma que este diretor usou para contar sua história. E principalmente ao conteúdo. A sensação que tive ao sair do cinema foi a de ser ultrajado.

É lógico que os Nazistas cometeram atrocidades indesculpáveis. Eu estive na Polônia. Pude visitar Auschwitz e outros lugares. Vi as camaras de gás. Vi as pilhas de sapatos e as fotos dos que ali foram separados de suas familias, torturados e mortos como cães.

E justamente pela gravidade do fato - o que seres humanos foram capazes de fazer com outros seres humanos - que eu fiquei estupefato com a maneira com a qual este diretor lidou com este assunto.

A segunda coisa que martelou minha cabeça foi: pra que fazer um filme desse? Pra que?

É preciso falar deste assunto para que nunca mais aconteça algo semelhante? Claro que sim. Muito já se falou e talvez muito ainda se fale. Para ficarmos apenas na sétima arte filmes com A Lista de Schindler trataram deste assunto com a dignidade que ele merece.

Agora fazer disto uma brincadeira grosseira, hemorrágica, farsesca e infantil? É muita irresponsabilidade.

Ah, mas os Nazistas mereciam tudo o que foi mostrado no filme. De novo, a minha indignação não se dá por conta da relação Nazistas-Judeus (e outros tantos povos que foram perseguidos pelos Nazistas). Ela se dá pelo fato de que um acontecimento que joga na nossa cara quão monstruosos os seres humanos podem ser não pode servir de conteúdo para um filme com piadinhas que beiram o pastelão.

O mundo já anda violento demais. Não só a violência em si mas vejo que estamos cada vez mais perdendo a nossa sensibilidade e espírito reflexivo. Os programas de TV com suas notícias cada vez mais hemorragicas; as novelas que mostram o tiozinho indo de helicóptero com a noiva para a lua de mel em um RJ em farrapos; o nosso presidente que recebe com abraços o presidente do Irã (o mesmo cara que nega o Holocausto, que prega a morte a homossexuais e que governa um país sob ditadura), acho que tudo isso está estraçalhando qualquer sensibilidade que tenhamos. Bom, difícil saber o que é causa e o que é consequência.

Não quero parecer aqueles malas que estudam alguma Ciência Humana e acabam virando Azedos da Silva onde um simples Big Mac gera discussões eternas e massacrantes. Mas a gente tem que prestar mais atenção, muito mais, no que anda ingerindo. Isso é muito sério. Estamos ingerindo junkie food da pior espécie. Daquela mais cancerígena. Mostrar a violência extrema de uma forma "engraçadinha" e "cinematográfica" apenas porque ela existe é como mostrar para o pai de uma filha estuprada o estupro em si com música e camera lenta e querer que ele se divirta. Pelo amor de Deus.

Repito: o Holocausto talvez tenha sido a coisa mais monstruosa da História recente da Humanidade. Tratar deste assunto da maneira como o Tarantino tratou me fez sentir envergonhado.

Enfim, é só a minha opinião.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Num meio-dia de fim de primavera

Num meio-dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.

Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.

Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas pelas estradas
Que vão em ranchos pela estradas
com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.

Ensinou-me a olhar para as cousas.
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou —
"Se é que ele as criou, do que duvido" —
"Ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres."
E depois, cansados de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
e eu levo-o ao colo para casa.

.............................................................................

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre,
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo um universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales,
E a fazer doer nos olhos os muros caiados.

Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.
Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

......................................................................

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

.....................................................................

Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?

Alberto Caeiro

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O medo

Acabei de ler um texto espetacular na net.Espero que gostem tanto quanto eu.

O texto foi escrito pelo psicanalista e filósofo Rubem Alves e encontra-se em http://www.lucianopires.com.br/idealbb/view.asp?topicID=7121


Tenho medo...

Um casal de amigos enviou-me um fax com um pedido: que lhes mandasse os nomes dos livros que tenho sobre o medo. Explicaram a razão do pedido: tinham medo... E pensavam que pela leitura daquilo que sobre o medo se escreveu como ciência e filosofia, o seu próprio medo ficaria mais leve.
Procurei fazer o que me pediam. Pus a funcionar os arquivos da minha memória, procurando identificar os livros sobre o medo que estariam na minha biblioteca. Inutilmente. Nenhum título me veio à mente. Dei-me conta de que não possuo nenhum livro sobre o medo. Sem livros a que recorrer, pus-me a pensar meus próprios pensamentos sobre o medo. E o primeiro pensamento que me veio foi o seguinte: Eu tenho medo. Eu sempre tive medo. Viver é lutar diariamente com o medo. Talvez esse seja o sentido a lenda de São Jorge, lutando com o dragão. O dragão não morre nunca. E a batalha se repete, a cada dia.


Como não pudesse ajudar meus amigos com bibliografia filosófica e científica, resolvi compartilhar com eles minha condição. O medo tem muitas faces. Lembro-me de que, bem pequeno ainda, acordei chorando, imaginando que um dia eu estaria sozinho no mundo. Foi uma dura experiência de abandono. Tive medo de não ser capaz de ganhar a minha vida quando meu pai e minha mãe partissem. Na verdade eu tinha era medo da orfandade, do abandono. Minha filha Raquel tinha não mais que três anos. Era cedo, bem cedo. Ela me acordou e me perguntou: “Papai, quando você morrer você vai sentir saudades?“ Essa foi a forma delicada que ela teve de me dizer que tinha medo da saudade que ela iria sentir, quando eu partisse. O rosto do medo mudou. Mas o sentimento continua o mesmo. Tenho medo da solidão. Há uma solidão boa. É a solidão necessária para ouvir música, ler, pensar, escrever. Mas há a solidão do abandono. Buber relata que, numa língua africana, a palavra para dizer “solidão“ é composta de uma série de palavras aglutinadas que, se traduzidas uma a uma, dariam a frase: Lá, onde alguém grita: Oh! mãe! Estou perdido! O trágico dessa palavra é que o grito nunca será ouvido, nunca terá resposta. Tenho medo da degeneração estética da velhice. Tenho medo que um derrame me paralise, deixando-me sem meios de efetivar a decisão que seria sábia e amorosa: partir. Tenho medo da morte. Antigamente esse medo me atormentava diariamente. Depois ele se tornou gentil. Ficou suave. Passei a compreender que a morte pode ser uma amiga. Veio-me à mente uma frase que se encontra na oração Pelos que vão morrer, de Walter Rauschenbusch: “Ó Deus, nós te louvamos porque para nós a morte não é mais uma inimiga, e sim um grande anjo teu, nosso amigo, o único a poder abrir, para alguns de nós, a prisão da dor e do sofrimento e nos levar para os espaços imensos de uma nova vida. Mas nós somos como crianças, com medo do escuro...“ (Orações por um mundo melhor, Paulus ). O Vinícius disse a mesma coisa de um outro jeito: “Resta esse diálogo cotidiano com a morte, esse fascínio pelo momento a vir, quando, emocionada, ela virá me abrir a porta como uma velha amante, sem saber que é a minha mais nova namorada.“ Boas são as palavras das orações e dos poemas: elas têm o poder de transfigurar a face do medo. Meu medo da morte ficou suave porque o seu terror foi amenizado pela tristeza. Ah! Mário Quintana! Como eu gosto de você, velho que nunca deixou de ser menino! Você sabia tirar o terror do medo rindo diante dele. Você lidava com seus medos como se fossem brinquedos. Delicioso, esse brinquedinho: “Um dia...pronto!...me acabo./ Pois seja o que tem de ser./ Morrer: que me importa? O diabo é deixar de viver!“ Isso mesmo. O terrível não é morrer; é deixar de viver. O terrível não é o que está à frente; é o que deixamos para trás. É um desaforo ter de deixar essa vida! Zorba, quando percebeu que seu momento chegara, foi até a janela, olhou para as montanhas no horizonte, pôs-se a relinchar como um cavalo e gritou: “Um homem como eu teria de viver mil anos!“ E eu pergunto: “Por que tanta modéstia? Por que só mil?“

Mas tenho medo do morrer. Medo da morte e medo do morrer são coisas distintas. O morrer pode ser doloroso, longo, humilhante. Especialmente quando os médicos não permitem que o corpo que deseja morrer, morra.

Tenho medo também da loucura. Não há sinal algum de que eu vá ficar louco. Mas nunca se sabe! Muitas mentes luminosas ficaram insanas. E tenho medo de que algo ruim venha a acontecer com meus filhos e netas. Sábias foram as palavras daquele homem que, no livro onde deveriam ser escritos os bons desejos à recém-nascida neta do rei, escreveu: “Morre o avô, morre o pai, morre o filho...“ Enfurecido, o rei lhe pede explicações. “Majestade: haverá tristeza maior para um avô que ver o seu filho morrer? E para o seu filho: haveria tristeza maior que ver sua filhinha morrer? É preciso que a morte aconteça na ordem certa..." Tenho medo de que a morte não aconteça na ordem certa.

Somos iguais aos animais, em que as mesmas coisas terríveis podem acontecer a eles e a nós. Mas somos diferentes deles porque eles só sofrem como se deve sofrer, isto é, quando o terrível acontece. E nós, tolos, sofremos sem que ele tenha acontecido. Sofremos imaginando o terrível. O medo é a presença do terrível-não-acontecido, se apossando das nossas vidas. Ele pode acontecer? Pode. Mas ainda não aconteceu e nem se sabe se acontecerá.

Curioso: nós, humanos, somos os únicos animais a ter prazer no medo. A colina suave não seduz o alpinista. Ele quer o perigo dos abismos, o calafrio das neves, a sensação de solidão. A terra firme, tão segura, tão sem medo, tão monótona! Mas é o mar sem fim que nos chama: “A solidez da terra, monótona, parece-nos fraca ilusão. Queremos a ilusão do grande mar, multiplicada em suas malhas de perigo...“ (Cecília Meireles).

A pomba, que por medo do gavião, se recusasse a sair do ninho, já se teria perdido no próprio ato de fugir do gavião. Porque o medo lhe teria roubado aquilo que de mais precioso existe num pássaro: o vôo. Quem, por medo do terrível, prefere o caminho prudente de fugir do risco, já nesse ato estará morto. Porque o medo lhe terá roubado aquilo que de mais precioso existe na vida humana: a capacidade de se arriscar para viver o que se ama.

O medo não é uma perturbação psicológica. Ele é parte da nossa própria alma. O que é decisivo é se o medo nos faz rastejar ou se ele nos faz voar. Quem, por causa do medo, se encolhe e rasteja, vive a morte na própria vida. Quem, a despeito do medo, toma o risco e voa, triunfa sobre a morte. Morrerá, quando a morte vier. Mas só quando ela vier. Esse é o sentido das palavras de Jesus: “Aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á. Mas quem perder a sua vida, a encontrará.“ Viver a vida, aceitando o risco da morte: isso tem o nome de coragem. Coragem não é ausência do medo. É viver, a despeito do medo.

Houve um tempo em que eu invocava os deuses para me proteger do medo. Eu repetia os poemas sagrados para exorcizar o medo: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum...“ “Mil cairão à tua direita, dez mil à tua esquerda, mas nenhum mal te sucederá...“ A vida me ensinou que esses consolos não são verdadeiros. Os deuses não nos protegem do medo. Eles nos convidam à coragem de viver a despeito dele.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

A menor prece do mundo

Ontem eu tava voltando pra casa e pensando um negócio. Eu pensava que (não sei de onde veio isso..) a palavra mais importante pra qualquer um é "foda-se". Sério, a importância que essa expressão tem na nossa vida é incrível. Acho que algum antropólogo deveria fazer uma tese acadêmica relacionando o número de vezes que alguém diz "foda-se" com seu grau de felicidade (bom, a dercy gonçalves devia ser a pessoa mais feliz do mundo né...)

Hoje, por uma incrível coincidência, estava assistindo à entrevista que o Anthony Hopkins deu no programa Actors Studio. Descrevo aqui um trecho:

"Uma vez eu perguntei a um padre qual era a menor prece do mundo. Ele me respondeu 'foda-se'.
- Pô, 'foda-se'?
- É, foda-se. Pra mim, foda-se significa 'Deus, toma conta aí que aqui já fodeu'."

Sensacional.

Não curtiu? ....

terça-feira, 27 de outubro de 2009

A Lei Kármica

"Para toda ação, haverá sempre uma reação de igual intensidade na direção oposta"

Lei do Movimento de Newton

Todos aqueles que tenham terminado o primeiro grau, ouviram falar desta Lei da Física. Para aqueles como eu que preferiam estar doando um rim a participar de aula de Física, provavelmente conhece-la (ou decora-la) serviu apenas para passar na maldita prova.

Essa Lei porém (alíás, como toda a Física, a Química, a Biologia, a Matemática...) rege, de forma surpreendente, a nossa vida. E eu não me refiro simplesmente aos movimentos dos corpos fisicos mas sim ao porquê de estarmos vivendo essa vida terrena.

Bem, antes de continuar, é preciso colocar que este post assume duas premissas:

1 - Nós não somos apenas corpo físico. Somos energia (podemos dar o nome que melhor nos aprouver, espírito, alma etc). A manifestação física é um veículo através do qual temos as nossas experiências terrenas.

2 - A reencarnação. O nascimento e a morte são passagens para realidades diferentes e nós, espíritos em manifestações humanas, passamos por centenas ou milhares de "vidas" na Terra, regidas pela Lei da Causa e Efeito (ou lei karmica).

Aqueles para os quais estas premissas não façam sentido sugiro a interrupção da leitura.

Bem, voltando. A Física Quantica e a era Atômica pela qual passamos estão provando que tudo é energia. A matéria não é mais do que energia condensada. Ou seja, todas as manifestações desta nossa realidade terrena estão sujeitas ao princípio de atração e repulsão que rege as leis da eletricidade.

Ao observarmos as ações físicas logo percebemos estes príncipios (é só dar um soco numa parede) mas o que muitas vezes deixamos de perceber é que os nossos pensamentos e emoções também são energia e também têm reagentes no Universo. De uma forma bem simplista, nós somos como uma antena de rádio, emanando e captando energias disponíveis (que foram emanadas por outros seres) do Universo o tempo todo.

Confesso que não leio muito sobre isso mas presumo que as teorias contidas em livros como O Segredo alicercem seu discurso em argumentos parecidos.

Pois bem, essa introdução serviu para dizer que, se nossos pensamentos e emoções são energia e, consequentemente, estão sujeitos às leis da Física, a Lei de Newton exposta no início do post, obviamente, vale para eles também. Todo o pensamento e emoção está sujeito, no Universo, a uma reação igual e na direção oposta. Tá bom, e daí?

Daí que, na compreensão deste rélis mortal curioso, esta relação é chave da Lei do Karma. O porquê de permanecermos presos a esta condição ao invés de nos elevarmos a estados de consciência mais altos e planos de Vida mais felizes (vai dizer que em um Universo com trilhões, repito, trilhões de galáxias, vc acredita que só exista vida na Terra? pópará né...).

A palavra karma é geralmente mal interpretada como uma coisa negativa. "Fulana é meu karma". Tipo a mulher é um pé no saco. Mas karma significa ação. Simplesmente. Podemos ter um karma bom como ter um karma mau. A Lei Karmica nada mais é do que a lei de causa e efeito. Fez coisa boa, a reação será boa. Fez coisa ruim, a reação será ruim. E, ainda dentro da Lei de Newton, sempre voltando para o emissor (se a energia é emitida do Homem para o Universo, a reação se dá do Universo para o Homem). Até aí, beleza. Mas tem mais.

Já que pensamentos e emoções são energias emitidas e recebidas em retorno são eles que nos mantêm nessa roda quase infindável da reencarnaçao. Os nossos desejos (que nada mais são do que pensamentos transformados ou não em ação) são o segredo. De acordo com as Leis da Física, todo o desejo, um dia, acabará sendo concretizado.Enquanto continuar emanando desejos, até que se realizem o ser continua preso neste plano.

Dando mais um passo, podemos entender a razão pela qual quase todas as religiões pregam o autodesenvolvimento (desconsidero fanatismos e crenças infantis). E porque ele geralmente vem amparado por preceitos como Perdão, Compaixão e Amor.

O perdão nada mais é do que tirarmos nosso tuning de determinada frequencia e coloca-lo em uma frequencia mais elevada. Parar de emanar para o Universo a energia da vingança, da autopiedade e do rancor. Só isso. Ou seja, o perdão é um ato egoísta em verdade pois o maior beneficiado é o "perdoante".

A compaixão funciona na mesma faixa. Parar de julgar. Simplesmente. Quando julgamos, emanamos para o Universo a energia de que é exatamente por aquela situação que precisamos passar. Mais karma.

E o amor é basicamente a frequencia mais elevada. A que faz com que consigamos perdoar, ter compaixão, parar de julgar e assim diminuir nossa roda kármica e alçar outros voos.

É muito difícil de acreditar quando simplesmente alguém nos diz "Jesus disse que devemos nos amar". Ou "tá escrito em tal lugar bla bla". Sei lá, eu acho mais simples de entender através de preceitos lógicos.

E só para terminar, tudo o que está escrito aí é apenas a minha compreensão. Pode estar tudo errado. Tudo. Estes ensinamentos (que claramente não são meus e sim de grandes mestres) chegaram até mim através de minha curiosidade e passaram pela peneira do meu nível de entendimento. E é desnecessário dizer que a distância entre o que escrevi aqui e como eu ajo na vida é maior do que a que existe entre o Maluf e a honestidade. Mas como eu tenho esse blog e estou desempregado, resolvi coloca-los aqui.

domingo, 25 de outubro de 2009

Para a minha amiga querida Dörte

Como seria bom nao precisar gostar de alguém.
Como seria bom se nós nos bastássemos, nós, com nossa capacidade de amar a tudo e a todos, ficassémos satisfeitos com as belezas que o mundo nos oferece.
Como seria bom se um outro ser humano não nos desequilibrasse tanto; nos amasse tanto, nos fizesse sonhar tanto, chorar tanto, sorrir tanto.
Como seria bom se a nossa felicidade não variasse tanto com uma palavra dita, um carinho feito, um silencio prolongado, um pensamento.
Como seria bom se a promessa dos religiosos, a promessa de um Amor Incondicional, um Amor que nos nutrisse e nos alegrasse, não fosse tão abstrata e longínqua.
Como seria bom se nosso coração não se aquecesse tanto apenas por sentir aquela outra alma por perto e não esfriasse tão velozmente ao menor sinal de que esta se afasta.
Como seria bom se amar, simplesmente amar, fosse o bastante.
Como seria bom nao depender tanto da reciprocidade, da ilusão de certezas, da necessidade de afagos mentais, daquilo que nos aquieta temporariamente.

Seria bom. Muito bom.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O Orgulho

É o maior de todos os venenos. Grande parte de nossas preocupações, de nossos medos, de nossa ansiedade e de nossas doenças são geradas pelo orgulho.

O que é o orgulho? É a noçao de que somos mais importantes do que os outros. Bem a grosso modo, é isso.

Daí advém a extrema necessidade de que as coisas da vida fluam de acordo com as nossas vontades. Advém, também, a carência que temos por amor, por atenção, afeto e cuidado. A contrariedade que sentimos quando algo foge ao nosso controle. O medo extremo de que não nos considerem como queremos. A ansiedade de controlar as variáveis incontroláveis do nosso destino. O paradoxo de termos necessidade de nos sentir "diferenciados" perante os outros mas ao mesmo tempo pertencentes a um grupo. O apego, gerador de sofrimento, a pessoas e objetos.A vaidade e a inveja.

Conversando com minha irmã, a quem presenteei com uma biografia de Santo Agostinho, talvez um dos maiores filósofos da História Pós Cristo, ela me contou uma compreensão deste autor sobre o pecado original.

Rapidamente, apenas para contextualizar, o pecado original é a expulsão de Adão (nome que significa,literalmente, terra trabalhável) e Eva do Jardim do Éden. Deus, ao criar Adão, lhe disse "Podes comer o fruto de todas as árvores deste jardim, com exceção da árvore da Vida e da árvore da sabedoria do bem e do mal". Ao que, posteriormente à criação de Eva, a partir do coração de Adão, uma serpente (animal que pode representar fecundidade ou inteligência) os convence a comerem da árvore da sabedoria do bem e do mal. O resto todos conhecem.

A Igreja difundiu a interpretação de que esse fruto representaria o sexo. E o pecado estaria no sexo.

Agostinho, entretanto, leu esta alegoria como sendo o pecado, aquilo que expulsa o homem do Éden e o afoga nas batalhas terrenas, a noção de que a sua vontade deve prevalecer frente à vontade divina. Uma das primeiras filhas do orgulho.

Eu estou sentindo na pele os efeitos do orgulho e tenho arduamente tentado lavar meu coração deste sentimento. Está sendo um trabalho muito difícil e que talvez leve muitas vidas, uma vez que identifiquei estar carregadíssimo da necessidade de me sentir importante.

O único remédio que tenho encontrado para isto é o desenvolvimento da consciência espiritual. Através dos valores que o estudo espiritual me traz estou conseguindo, bem devagarinho, me entregar às forças da Natureza e abrir espaço para a coragem, a compaixão e, quem sabe um dia, para o Amor.

Seja pela meditação, pelo estudo ou pela Religião, seja qual for o caminho escolhido, eu não vejo outra saída para um ser humano que não buscar sua comunhão com o divino. O afastamento, ou seja, a noção de individualidade que inevitavelmente faz brotar o orgulho é a origem, ao analisarmos bem no fundo de nossa alma, de todos os males.

Longe de querer professar algo ou convencer alguém de alguma coisa, não tenho preparo nem capacidade para isto. Tudo o que escrevo é meramente um relato empírico destes 30 anos que passei por este plano.

Termino com as palavras de um mestre muito querido, de quem tenho tentado aprender humildemente:

"Eu sou a onda, faça de mim o mar"

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Lá vamos nós de novo..a imprensa...

Muito interessante o comentário do Enxaqueca sobre o post A Manipulação no blog Homem Enxaqueca (http://homem-enxaqueca.blogspot.com/2009/10/manipulacao.html).

Ontem à noite eu faria um post com o tema do comentário, só não fiz porque era tarde e eu estava com sono. Cá então está o dito cujo.

Ontem à noite o convidado do Roda Viva foi a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (acho que é assim que escreve..). Quem acompanha minimamente o noticiário político sabe que ela anda, desde o início do seu governo, envolta em diversas acusações e suspeições de escândalos e nas últimas semanas está sendo preparado (ou já foi, nao sei) um encaminhamento de processo de impeachment para a Assembléia daquele Estado.

Eu, pelo o que acompanho, não tenho capacidade de analisar a situação dela. Não conheço as razões pelas quais ela está sofrendo este processo e os prós e contras do seu governo.
Mas o tema do post não é esse. O tema é o papel dos jornalistas lá presentes.

Na maioria do tempo, eles adotaram uma postura que claramente fomentava a discórdia e o constrangimento da entrevistada (já havia percebido isso na entrevista da Marina Silva). Perguntas com grau de reflexão prévio muito baixo (daquelas que vc em casa fica com vergonha alheia pelo jornalista) e formas de se colocar diversas vezes muito pouco gentis. Desrespeito pelo tempo que a entrevistada tinha para responder a pergunta anterior. A começar pelo Heródoto que, convenhamos, deveria estar curtindo sua aposentadoria no Havaí ou em Bertioga.

Me parece que um jornalista, principalmente alguém que atingiu certo patamar na carreira a ponto de ser convidado a participar do Roda Viva e entrevistar uma chefe de governo, é uma pessoa culta e esclarecida. Provavelmente uma pessoa com uma inteligência acima da média.Por que então demonstrar essa postura tão pobre e antidebate? A resposta que eu encontro é que o importante é gerar polêmica e assim notícia. Quanto maior for a saia justa do entrevistado, melhor, mais possivelmente ele se confunde e diga algo que, descontextualizado, possa virar notícia.

É uma pena. Poucos programas na TV aberta teriam esse potencial fomentador de discussões elevadas. Pórém seria necessário que fossem liderados por profissionais cujo desejo fosse esse: promover um debate rico e aberto. Na minha ingenuidade, se você convida um profissional para ser entrevistado (um político, um técnico, um artista ou quem quer que seja), é porque se considera as idéias daquela pessoa dignas de serem ouvidas e debatidas. Não um mero joguete de onde se possa criar notícias ou uma escada de onde o jornalista possa mostrar quão culto e crítico ele é. Triste.

Ainda considero que esse comportamento vai completamente na contramão do que os próprios jornalistas se orgulham: profissionais com preocupação social acima da média. Seria sim um belíssimo trabalho social simplesmente ajudar a promover debates ricos e práticos para a população. Orientações partidárias pessoais e necessidades gritantes de autoafirmação nada tem de social.

E o que dizer de outras áreas então, como esportes e cultura (áreas com as quais tenho mais afinidade)? Aí então aliamos o comportamento acima com falta de preparo e às vezes burrice mesmo. Esses programas de mesa redonda de futebol chegam a dar dor na alma de tanto absurdo que é dito (pelos jornalistas). As críticas culturais beiram o patético na maioria das vezes tal é a necessidade do jornalista em mostrar sua imensa capacidade crítica e conhecimento (?) do assunto.

Enfim, deveria haver uma imprensa para a imprensa. Profissionais que dedicariam suas vidas a constranger os jornalistas e expo-los à sociedade por qualquer palavra dita no calor do constrangimento Ou por tentar a todo custo mostrar que eles (os jornalistas dos jornalistas) são mais entendidos e mais críticos do que os jornalistas na sua própria área de atuação. Você acha que eu viajei né? É que eu sou mais culto do que você, pobre leitor semi analfabeto...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Tenho andado irritado..

Tá foda! Tenho andado muito irritado ultimamente...

irritado com esse mega circo das olimpíadas. Puta país zoado, onde o esporte nao tem o menor planejamento sério e incentivos de longo prazo, em uma cidade quase à beira da guerra civil, com uma sociedade alienada...parece-me a rede globo vai faturar bastantão se rolar...

irritado com o recorde histórico de vendas de carros em setembro. Com a volta do IPI ao normal, um carro de R$ 25.000 passará a custar R$ 350 mais caro...e isso fez com que as pessoas corressem às lojas??!!

irritado com o maluco que roubou a prova do enem...isso custará R$ 30 milhões de reais de reimpressão. Porra, é dinheiro público jogado no ralo!! O que será que vai acontecer com os que roubaram e deixaram roubar?

irritado com a propaganda que tenho visto do PCB..pelamordedeus né, discurso comunista em pleno século 21 é de doer...dá vontade de pagar uma viagem à Praga pra essa galera pra eles conhecerem in loco as "maravilhas" do regime que defendem..

irritado com a produção cultural que tá rolando...lady gaga, que porra é essa? fresno ganhando um monte de estatueta no VMB? VMB? Na minha época, as bandas que preenchiam a programação da MTV eram umas porcarias do naipe de Pearl Jam, Guns n Roses, Nirvana, Sepultura, Alice in Chains, Red Hot...


irritado com essa merda de pre sal, com a eleveção do numero de vereadores, com a nomeação do amigo do Lula para o STF, com a possível candidatura do Ciro Gomes, com essa novela maluca do Ze Mayer, com a briga da Globo com a Record, com a maior ode à estupidez humana que eu já vi chamada Superpop...

enfim, como nao vou fazer nada a respeito mesmo, vou é começar a fumar maconha...

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A liberdade

Me lembrei de uma conversa que tive com um belga na viagem à Europa que fiz em 2006. O cara era gerente de uma loja do Carrefour e tinha largado o emprego para viajar.Ele estava mochilando há uns 05 meses e eu há uns 02. Estávamos na Eslovênia, dividindo uma cerveja de madrugada no quintal do albergue onde nos hospedávamos. Durante uns 10 minutos, apenas uma frase foi emitida.Por ele:

 - Backpacking is hardwork...

Eu, em silêncio, fiquei pensando na frase,sem entender exatamente o que ele tinha querido dizer.

Copio aqui um trecho do meu diário escrito aproximadamente 02 meses depois desse "diálogo":

"Sentado na rodoviária de Salamanca. 13:30h. 14:30 parte meu ônibus rumo a Santiago de Compostela. Chegada prevista para 20:45h. Depois de 4 meses, 6:15h em um ônibus apertado é uma eternidade. Mas vamos lá, é por isso que estou aqui. Esse é o trabalho, lutar com você mesmo, ser disciplinado, paciente, tolerante, arranjar energia sabe-se lá de onde. Lembrei da panamenha que conheci em Granada. Ela também já estava há uns quatro meses mochilando e só voltaria para o Panamá em 25/12. Ela estava procurando um lugar para ficar em Granada pois tinha decidido não mais mochilar. Estava cansada.

É isso.



Todos com os quais me correspondo, todos, bem talvez com exceção do meu irmão, parecem pensar que eu estou vivendo uma aventura linda. A palavra “férias” aparece freqüentemente nos e-mails que me mandam. Quando digo que estou em uma cidade ou indo pra tal lugar, a resposta é sempre “que delícia” ou “que vidão hein ?” ou “ai, como eu queria férias de cinco meses” ou “aproveita que tá acabando hein..”.

Não os culpo. De verdade. É a vontade de ser gentil com o impulso quase inevitável dos humanos de criar fantasias. E também não estou me queixando. Estou adorando minha viagem. Teria feito tudo de novo mas por motivos absolutamente diferentes dos imaginados pela maioria das pessoas.

Parafraseando um belga (o Sven, falo dele aqui no diário, em Ljubljana), mochilar é hard work. Só que é um trabalho bem diferente do que estamos acostumados. Não baseia-se no cumprimento de tarefas.Não há ninguém para te orientar e te cobrar.Não há remuneração.Não há reconhecimento. Não há punições. É só você. É sobre você. É para você. As recompensas podem ser fantásticas mas é hardwork. É um trabalho de 24 horas por dia (lembro de ter lido que um repórter se disse surpreso ao saber que Ibsen só escrevia 5 horas por dia:


- Mas é muito pouco! Achei que o senhor trabalhasse mais.


- Meu jovem, eu escrevo 5 horas por dias mas eu trabalho as 24 – respondeu o escritor norueguês.).


Você toma decisões 24 horas por dia (digo 24h porque é muito comum você tomar decisões no meio da madrugada). Ninguém vai te dizer se você está certo ou errado. Ninguém vai compartilhar os resultados destas decisões.

Vou tentar contextualizar o que quero dizer.

Eu (e a grande maioria dos mochileiros que encontrei, detalhe importante, viajando sozinhos) larguei um bom emprego (bem, bom para os parâmetros comuns da sociedade). Morava razoavelmente bem com meu irmão.Amigos e família. Conforto. Calor. Amigas “coloridas”. Decidi deixar isso de lado por um tempo (bem, o emprego e o apartamento fui obrigado a me desfazer por razões óbvias). E para quê?

E esse é o coração da questão.

São as decisões que você toma aqui, são as atitudes que você tem aqui, são as atividades que você faz aqui que definem o para que!! Você está, literalmente, em um país estrangeiro com um monte de dinheiro em suas mãos (pelo menos no começo da viagem), um monte de gente jovem que você acaba conhecendo, uma oferta de diversão infinita, 5 meses com as 24 horas do dia absolutamente a seu dispor. As possibilidades são imensas, assim como são as tentações:


- acordar cedo ou dormir mais um pouco ? Nenhum chefe vai te demitir se você levantar às 11h...


- ficar dentro do orçamento ou ceder àquela tentaçãozinha de uma comidinha melhor, um alberguezinho melhor ou uma baladinha, afinal é sábado à noite e você está em Barcelona...
- ir embora do museu que está te contando a História daquele país depois de 2 horas lá dentro, quando seriam necessárias mais 2 horas? Quem freqüenta museus sabe como a cabeça, as costas e as pernas se sentem após 2 horas...
E as viagens noturnas? 8,9,10,17 (de Narvick a Estocolmo fiquei 17 horas no trem) horas viajando na madrugada, afinal viajando à noite economiza-se o dinheiro do albergue. Chegar no destino às 6 da manhã depois de 9 horas viajando em um ônibus e só poder fazer o check in às 15h? E perder dinheiro? Uma vez em Valencia perdi 70 euros, orçamento de dois dias. O que fazer, readequar os hábitos por uns dias ou tocar pra frente? E as ofertas de baladas?Todo santo lugar tem gente de férias te chamando pra sair. Ir na balada ou dormir? Poxa, mas essa australiana que ta indo é tão gostosinha..que fazer? E as escolhas de destino? Bilbao ou Salamanca? Quero ver o Guggenhein mas se for pra lá depois pra voltar para Portugal fica muito longe. E quanto tempo fico nessa cidade? Poxa, não agüento mais dormir três noites por cidade há quase 1 mês, acho que vou ficar aqui mais duas...mas aí não poderei ir a Sevilla. Que faço?

Igualzinho à vida.


Não estou dizendo que a viagem está sendo um inferno, muito pelo contrário, só quero deixar claro que é uma situação bem diferente de estar 05 meses em férias"

O tema do post não é a viagem (e muito menos o belga...) mas sim a liberdade. O quanto é foda termos liberdade. Assumirmos o timão do nosso barco. E quantos de nós estão preparados para isso?


Quis iniciar o post com esse trecho do diário pois só agora, quase três anos depois, eu entendi o que escrevi e o que o belga tinha dito. Só depois de ter passado pela experiência de ter tido meu próprio negócio, ter voltado ao mercado e me encontrar agora desempregado estou entendendo o que significa ter liberdade. E não me refiro, absolutamente, ao lado romântico da palavra mas ao aspecto cruel.

O hardwork do belga, muito mais do que o cansaço físico, referia-se ao cansaço emocional de ser tirado de um contexto onde podemos depositar as decisões da nossa vida nas mãos de outros entes (pais, patrões, valores sociais) para mergulhar, mesmo que temporariamente, em um onde você é 100% responsável pela gestão das únicas duas coisas que realmente importam: tempo e energia.

O fato de trabalhar em uma empresa, um órgão público ou qualquer outra organização onde você não seja o dono, além da pseudosensação de segurança, te dispensa de decidir o que fazer com o seu tempo. Alguém pensa para você. Se der merda, sempre há em quem colocar a culpa. Mesmo nos cargos mais altos, onde você deve dar as diretrizes, o seu campo de escolha é razoavelmente limitado, uma vez que as macro diretrizes já foram definidas. É muito comum as pessoas gastarem mais tempo e energia pensando como se proteger de possíveis falhas do que criando efetivamente.


Lembro quando eu tinha o restaurante diariamente eu precisava responder à seguinte pergunta "bom, e o que eu vou fazer hoje? Onde vou investir minha energia?". Pode parecer absurdo mas era muito angustiante.


Exatamente como me sentia na viagem.


Não sei se é um aspecto cultural, não sou antropólogo, mas a sensação que tenho é que não somos criados para assumir a responsabilidade de termos a nossa vida (novamente: tempo e energia) à nossa disposição.Talvez este seja um sintoma da imaturidade de um povo e crescer, quem sabe, significa passar por este estágio.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

sacanagem hein..

Na Livraria Cultura dá pra sentar e passar a tarde inteira lendo. Sem comprar o livro. Você simplesmente devolve o livro à prateleira e vai embora. Muito legal.

Eu tenho feito bastante isso. Nas ultimas semanas, fui umas três vezes lá. Comecei a ler um livro sobre um australiano que conhece um guru na Índia. Fiquei amarradão. Estava na página 200 e pouco. Ontem fui lá para terminar.

Tinham vendido o bendito livro...e só tinha aquele exemplar...

Sacanagem hein...

Se você for comprar um livro lá, certifique-se de que não se trata de filho único...alguém pode ficar sem saber o final dele...

Talvez as coisas estejam melhorando mesmo..a passos de cágado mas estão...

Ontem rolou a entrevista da Marina Silva no Roda Viva da TV Cultura. E eu confesso que fiquei impressionado.

Apesar da tentativa exagerada dos jornalistas presentes (tinha um tal de Paulo Moreira Leita da Revista Época que era um mala sem alça) de criar polêmica, ela conseguiu se colocar muito bem, na minha opinião.

Eu não tinha conhecimento das suas posições como política. Como ela mesmo disse após um jornalista se mostrar surpreso com certas opiniões da senadora, agora há maior espaço para ela dizer o que sempre disse. Eu me incluo no grupo dos que desconheciam seu discurso.

Assuntos como política economica, aborto, pesquisas científicas (principalmente transgênicos e células tronco), descriminalização da maconha, religião x Estado, fontes de energia, crise do Senado foram abordados de forma bastante madura, de um modo que é raro ver entre políticos brasileiros.

E é claro o tema central que ela tem defendido: a sustentabilidade. O que pouca gente sabe - eu incluso - é que este tema abrange um escopo muito maior do que a questão ambiental. Envolve princípios econômicos, culturais, sociais, políticos. Ela deu exemplos de frentes de trabalho durante a sua gestão à frente do Ministério do Meio Ambiente - como licenças para hidroeletricas, estradas na Amazônia, fazendas de gado em áreas preservadas - de forma muito sensata aliando, dentro do possível, os objetivos da sustentabilidade de longo prazo com a realidade prática do mundo atual.

Acho pouco provável que ela vença uma possível corrida presidencial em 2010. Também não estou dizendo que ela seria minha candidata, precisaria entender mais das suas propostas e alianças políticas mas, a princípio, acho que ela já está trazendo uma coisa muito boa: a elevação do nível da agenda.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Será que tô ficando tiozinho?

Eu moro perto do Shopping Higienópolis. É muito comum eu cruzar o Shopping quando quero ir a determinados lugares. Hoje, voltando pra casa, cruzei pelo Shopping.

Descendo uma escada rolante, vi um enorme tapume (grande mesmo, deve ter uns 5 metros de altura por 10 de largura) em frente a uma loja da Forum. O tapume anunciava que a loja estava em reforma e reabriria em breve. A imagem que ornava o tapume era de uma modelo que não passava dos 13 anos de idade. Havia diversas imagens da mesma modelo, algumas em trajes sociais e algumas em trajes mais casuais. Era bem constrangedor ver a figura de uma criança (por mais que as coisas estejam diferentes hoje em dia, uma pessoa de 13 anos de idade ainda tem traços da fisionomia de uma criança) vestida em trajes sociais e fazendo olhar de mulher segura.

Eu não sou consumidor do mercado da moda mas também não sou alienado. Sei que as modelos estão cada vez mais novas e 13 anos é uma idade bem comum nesta carreira. Mas também sei que o Marketing de marcas como a Fórum trabalha profundamente com o lado aspiracional das pessoas.

Qual o publico alvo da Forum? Adolescentes do sexo feminino? Pelo que me lembro, quando eu tinha 15, 16 anos queria desesperadamente parecer adulto.Será que os valores mudaram tanto em 15 anos? Ou será pessoas de 30 anos? Será que alguém aos 30 anos se identifica em uma criança de 13? Acho estranho. Enfim, seja qual for, qual o principal beneficio prometido pela campanha? O sonho da juventude eterna? Por que nao contratar uma modelo de 20, 21..não seria menos cruel? É muito esquisito. Eu não estou acima dos valores culturais e também quero ser jovem o maior tempo possível mas acho que há limites que o bom senso deveria colocar. Eu sinceramente fiquei constrangido ao ver aquela menina no tapume. Sei lá, se eu visse um moleque de treze anos posando para fotos de uma marca de roupas que eu consuma eu não me identificaria nada.

Também comecei a pensar na vida da menina. Desde cedo tendo sua imagem e seu ego hiperinflados. Como será a cabeça dela? E os pais dela? E os profissionais que lidam com ela? Enfim, já to aqui pirando o cabeção.

Não quero entrar na discussão da ode à juventude pois o assunto mereceria um outro post mas que há algo estranho na nossa cultura, há...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

haja sabedoria II

"O tempo é o maior tesouro de que um homem pode dispor. Embora inconsumível o tempo é o nosso melhor alimento.

Sem medida que eu conheça, o tempo é contudo nosso bem de maior grandeza. Não tem começo, não tem fim.

Rico não é o homem que coleciona e se pesa num amontoado de moedas, nem aquele devasso que estende as mãos e braços em terras largas. Rico só é o homem que aprendeu piedoso e humilde a conviver com o tempo, aproximando-se dele com ternura. Não se rebelando contra o seu curso. Brindando antes com sabedoria para receber dele os favores e não sua ira.

O equilíbrio da vida está, essencialmente, neste bem supremo.

E quem souber, com acerto, a quantidade de vagar com a de espera que deve pôr nas coisas, não corre nunca o risco de buscar por elas e defrontar-se com o que não é. Pois só a justa medida do tempo, dá a justa 'atudeza' das coisas"

Raduan Nassar

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Mais da trip...

Quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Não dormi nada essa noite. Nossa, acho que fiquei no pior albergue possível. Vou enumerar os pontos negativos:

. Álcool proibido

.Quartos “single-sex”

.Leituras da Bíblia ao longo do dia ( o albergue chama-se The Shelter..)

.21 euros por noite

.Quartos fedidos e muito iluminados

.Gente mal educada

.Francês bizarro e roncador no meu quarto

Bem, Amsterdam é nota 6. A cidade, com exceção do Red Light, é bonita. Os canais, as ruas, as casas são bonitas. Mas o Red Light é meia boca, feio, sujo, fedido, maconheiro, traficante, prostitutas por toda a parte.

Com relação à maconha: a proposta é interessante, descriminalizar o consumo. Com isso, há uma série de lugares que vendem pequenas quantidades e a galera fuma lá ou na rua. Esses lugares, os Coffee Shops, explodiram pela cidade (são mais de 150), então é nego fumando maconha por todo o lado. É muito estranho, pois o consumo de álcool é proibido em locais públicos mas o de maconha não (bom, até faz sentido...)

As prostitutas: nada demais! A rua Augusta é muito mais emocionante. Tem um monte de mulher em umas cabines com cortina vermelha se exibindo para quem passa na rua. Vi umas gatas mas a maioria é bem meia boca!

Conheci poucas atrações na cidade. Fui apenas ao Rijksmuseum. Valeu! Vários quadros magníficos, entre os quais A Criada da Cozinha (Kitchen’s Maid) de Johannes Vermeer, The Marrey Fiddler de Gerard Van Hostroof, Jeremias Lamentando o Incêndio de Jerulasem de Rembrandt e, é claro, o Nightwatch tb do Rembrandt. Apesar do Nightwatch ser celebrado como a grande obra dele, achei o quadro mais impressionante do que tocante.

Não fui aos outros museus pois eram caros, tinham filas e eu descolei uma companhia legal pra ficar jogando conversa fora. O Rodrigo. Moleque sangue bom!
No final do primeiro dia cheguei no albergue pra esquentar um macarrão e vejo um maluco trocando idéia com um casal chinês em um inglês bem brasileiro. Comecei a conversar com eles e logo saímos para tomar uma breja. Puta cara bacana! Recém formado em Direito, morando há três meses em Paris, morrendo de saudades de casa, goiano!Fazão de Chico Buarque e de filosofar sobre a vida. Conversamos muito mesmo. Ás vezes sentávamos no jardim do albergue e ficávamos 3, 4 horas conversando.

Ontem foi bacana! Compramos umas brejas no supermercado e fomos para a beira do canal para beber (que crime!). Tomamos bem umas quatro latas e vimos umas figuras ímpares. Primeiro sentou uma estudante alemã de arquitetura que não quis muito papo, depois um japa caladão também e um casal mineiro.
Mas o grande prêmio vai para um tiozinho alemão que sentou para fumar seu baseadinho. Figuraça! Cabeludão, brincão na orelha. O cara ganha a vida fazendo relógio cuco!!Relógios cuco!!Sensacional!


Agora estou voando da Holanda para a Dinamarca. Eu sou, de longe, a pessoa mais feia a bordo...


Cheguei em Copenhagen. O mundo, em certos aspectos, é muito injusto. Deixei minhas coisas no albergue, comi um sanduba e peguei um “cruzeiro” pelos canais da cidade! Que cidade linda! Que mulheres fantásticas! Estou agora em Nyhavn (novo porto) sentado tomando uma Tuborg. Ta um dia lindo, em uma cidade deslumbrante...por que algumas pessoas nascem na Dinamarca e outras na Vila Brasilândia ? Não é justo, não faz sentido.

Um moleque acabou de levar uma picada de abelha...bem-feito, quem mandou ser dinamarquês!

Tô um pouco cansado, mas to feliz!


Sexta-feira, 18 de agosto de 2006

12h! Ta um puta sol! Parei pra descansar em um parque antes de entrar na National Gallery. Andei pra caramba, preciso de 10 minutos antes de encarar o museu.


Ontem foi um dia legal! Fui no museu Nacional. Fiquei umas três horas lá aprendendo a História do país. Quanta guerra, deus do céu. Depois ranguei um KFC e fui até Cristiania, um lugar onde uma galera tentou montar uma sociedade alternativa nos anos 70. O lugar é uma bosta, feio, sujo, fedido, nego vendendo droga a rodo...mas valeu o rolê! Ah, antes fui na igreja do Nosso Salvador. Subi altão na torre (são quase 100 metros) onde há uma vista espetacular da cidade. A igreja também é linda (o altar e o órgão são lindos!Por que será que os nomes dos arcanjos terminam em el ? Gabriel, Rafael, Michael, Uriel e Jeremiell ? Enfim...)


Cheguei no hostel às 20h bem cansado. Antes passei pela Royal Library, prédio estaile!

Essa noite sonhei com a Paula de novo. Que merda! Pior é que eu sei que é só fantasia. É incrível a dificuldade em vivermos o presente. Ou estamos perdidos em alguma fantasia do passado ou alguma ilusão do futuro! Estou tentando focar no agora mas ta difícil... bom, ta rolando Seu Jorge no mp3 e tem uma borboleta linda aqui...vou tirar uma foto...




19h! To no Burger King tomando um milkshake. Que zoado! Não tenho onde dormir amanhã. Acho que vou pra Oslo, assim durmo no busão.Também não tenho lugar pra dormir em Oslo no domingo. Cara, que merda! Acabei de ver um casal se beijar. Eu tinha tudo. Um emprego legal, uma namorada linda, amigos...três anos depois eu tô em uma cidade estranha, a 10.000 km de casa, não vou pegar ninguém pelos próximos 4 meses, sem amigos, cansado, sem lugar pra dormir, comendo mal, gastando meu dinheiro...como eu vim parar aqui ???


Domingo, 20 de agosto de 2006



19h! To em Oslo.Cansado pra caramba! Os quatro dias em Copenhagen e a viagem noturna quebraram minhas pernas. O problema é ficar comendo sanduíche e pizza. Faz cinco dias que só como isso. A Escandinávia é muito cara!! Pra comer em restaurante gasta-se 20, 25 euros! O jeito é esperar chegar na Estonia. Estou pensando em ficar uns bons 10 dias nos Bálticos só pra comer e dormir bem, afinal ainda vou ter mais dois meses pela frente depois de lá...

Hoje foi punk! O busão saiu 22h de Copenhagen e chegou às 6h da manhã em Oslo. Devo ter dormido umas 2 horas ao todo. Quando cheguei não conseguia trocar dinheiro. Tudo fechado. Com fome, apertado (10 coroas norueguesas pra mijar), com sono, sem lugar pra dormir...teve uns 10 segundos que quase me desesperei mas segurei a onda. Resolvi ir andando até o albergue mais próximo.

No caminho parei num 7-eleven. Paguei um café com leite e um donut com cartão de crédito (se bem que saiu quase 4 euros). A moça que trabalha lá me disse que se não conseguisse trocar dinheiro por ser domingo, os 7-eleven trocam...fiquei mais tranqüilo. Hehe, tentei marcar de sair com ela (uma marroquina baranguinha mas muito legal) mas não rolou. Bem, no estado em que me encontro, nem uma mendiga ia querer sair comigo...

Cheguei no albergue e tinha vaga!! Graças ao bom pai!! Ranguei (9 euros numa baguete tosca e um suco) e fui dar uma volta. Passeei pelo cais do terminal de passageiros, muito bonito, e fui ao museu do teatro. Simplesinho mas bacana! Muita coisa sobre Ibsen mas a maioria das informações em norueguês.

À tarde fui ao museu do Edvard Munch, o mais famoso pintor norueguês.Vão fechar o parque, depois escrevo mais...


Terça-feira, 22 de agosto de 2006



Num to a fim de escrever! To com uma preguiça...estou em Bergen na Noruega, cidade muito bonita!

Ontem peguei um trem de 7 horas de Oslo até aqui. O trem passa por paisagens fantásticas.

Bergen é linda! É um porto cercado por montanhas. Hoje fui a uma delas. Aproveitei e dei um role pela floresta. Encontrei uns lugares maravilhosos, destaque para um lago com uma montanha belíssimos. O reflexo era mais nítido do que a montanha em si. Andei uns 5 km e ainda desci a pé (pra subir a montanha há um bondinho). Cheguei bem cansado, por volta das 16h. Comi um hambúrger de bacalhau no mercado de peixe (meia-boca) e fui para o albergue.


Agora são 19:30h e estou sentado em um mini parque (ta mais pra praça) aqui no centro da cidade.


Na volta da montanha pensei de novo na questão da justiça. Vi uma casinha linda com um carro bacana na garagem. Por que alguém nasce loiro, olhos azuis,em Bergen, com uma casa linda ao pé da montanha, cria seus filhos ao ar livre , com escola de primeiro nível, sem violência e outra pessoa na nasce na Somália? É uma questão de sorte? Mas como sorte? O fato de nascer no lugar define muita coisa no seu destino. Até imaginei um diálogo com a recepcionista do albergue:


- Mas sabe o que parece ?


- O que ?


- Como se antes de nascer, você fizesse uma prova. Dependendo da sua nota, você pode escolher o lugar. Até imagino a alma que tirou 3 pensando “Putz, só sobrou o Brasil ...”

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O cego de Jericó

" "Dizendo: Que queres que te faça ?
Ele respondeu: Que eu veja, Senhor"
(Lucas,18:41)

O cego de Jericó é das grandes figuras dos ensinamentos do Evangelho.

Informa-nos a narrativa de Lucas que o infeliz andava pelo caminho, mendigando...sentindo a aproximação do Mestre poe-se a gritar, implorando misericórdia.

Irritam-se os populares em face de tão insistentes rogativas.Tentam impedi-lo, recomendando-lhe calar as solicitações.

Jesus, contudo, ouve-lhe a súplica, aproxima-se dele e interroga com amor:
- Que queres que te faça?

À frente do magnânimo dispensador dos bens divinos, recebendo liberdade tão ampla, o pedinte sincero responde apenas: - Que eu veja, Senhor.

O propósito deste cego honesto e humilde deveria ser o nosso em todas as circunstâncias da vida.
Mergulhados na carne ou fora dela somos, às vezes, o mendigo de Jericó, esmolando às margens da estrada comum.Chama-nos a vida, o trabalho apela para nós, abençoa-nos a luz do conhecimento mas permanecemos indecisos, sem coragem de marchar para a realização elevada que nos compete atingir. E quando surge a oportunidade de nosso encontro espiritual com Cristo, além de sentirmos que o mundo se volta contra nós, induzindo-nos à indiferença, é muito raro sabermos pedir.

Por isto, é muito valiosa a recordação do pobre cego mencionado no versículo de Lucas, porquanto não é preciso que compareçamos diante do Mestre com volumosa bagagem de rogativas. Basta que lhe peçamos o dom de ver, com a exata compreensão das particularidades do caminho evolutivo.

Que o Senhor, portanto, nos faça enxergar todos os fenômenos e situações, pessoas e coisas, com amor e justiça, e possuiremos o necessário à nossa alegria imortal."

Caminho, Verdade e Vida
Emmanuel

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Os Sonhos

E eis que fui demitido.

Apesar do óbvio golpe na minha autoestima, confesso que ando bem tranquilo (por um lado até feliz pois era um dos únicos entre os meus amigos que ainda não havia ouvido a frase "nós não precisamos mais de você...brincadeira, poderia ter passado a vida sem ter ouvido isso...).

Enfim, cá estou, segunda, 16:56, atualizando o CV em uma lan house lotada de adolescentes navegando no orkut.

Mas o que quero escrever não é sobre a minha demissão. É sobre os sonhos.

Hã? É, sobre os sonhos.

Já vinha martelando este post há séculos e uma conversa com meus irmãos via e-mail hoje aliada ao fato de que nao tenho p... nenhuma pra fazer (bom, preciso achar um trampo...) me deram motivação.

Durante boa parte da minha carreira profissional (sou administrador formado, já trabalhei em empresa pequena, empresa grande, órgão político, larguei tudo e fui mochilar no velho continente, abri um restaurante, me formei em um curso profissionalizante de ator, dei aula de ingles..ave, parece a biografia daqueles caras que passam 40 anos se ferrando até virarem grandes personalidades, tipo o Churchill...eita, será que sou o próximo primeiro ministro da Inglaterra??) venho querendo responder uma pergunta: que porra eu quero fazer de verdade? O que me faz ter tesão pela Vida?

Uma mescla de inteligência (sem falsa modestia, me acho um cara inteligente) com uma possível presunção me fazem achar que só serei realizado se tiver uma atividade profissional com significado pra mim; da qual eu me orgulhe e, se der, ainda possa ajudar outras pessoas.
Eu, até hoje, nao consegui encontrar em coisas como sobreviver, criar os filhos, poder pagar uma viagem no final do ano, trocar de carro argumentos suficientes para me manter em um trampo chato. Será que é imaturidade minha?

Tenho sido movido a pequenos sonhos pela vida. Conseguir trabalhar em multinacional.A viagem de mochila pela Europa. Abrir o restaurante. Me formar ator. Um a um, eles têm sido conquistados e sempre me deparo com a pergunta novamente, e pior, mais intensa: " E agora?".

Tenho certeza de que essa demissão se deu por uma completa inadequação minha ao meio em que estava. Como disse minha irmã, "quando estamos na cadeira errada, a cadeira cospe a gente".

Também já conheci muita gente que correu atrás do grande sonho da vocação profissional e passou por grandes apuros durante a jornada. Muitos, muitos mesmo nao alcançaram o que almejavam. Alguns que alcançaram manifestaram que não era exatamente aquilo que eles tinham vislumbrado.

Tem um filme que eu adoro: chama-se Colateral. O Tom Cruise é um assassino profissional que obriga um taxista (Jamie Fox) a acompanhá-lo em seu trabalho na noite de Los Angeles. Há um determinado diálogo entre os dois. O Jamie Fox mostra a foto de uma ilha paradisíaca. Diz que está trabalhando como taxista para juntar grana para ir pra lá (ou para abrir uma empresa que levaria pessoas pra lá, nao lembro agora). O Tom Cruise pergunta "há quanto tempo". Ele responde "há quinze anos". E o Tom Cruise arremata "você nunca irá para a sua ilha".

Eu sempre achei que o que o Tom Cruise quis dizer era "pare de se enganar. corra atrás do seu sonho agora. você quer ir pra ilha, entao vá".

Agora começo a ter outra visão. De repente, o que nós precisamos é ter a foto da ilha no painel do carro. Isso nos faz segurar a onda. Passar pelos perrengues da vida. Eles virão, qualquer que seja o caminho escolhido. Se chegarmos à ilha, teremos que achar a foto de uma outra coisa.

Não quero concluir isso. É só uma possibilidade nova que tem se aberto para mim.

Enfim, este assunto dá vários posts. Mas por enquanto é isso.

Ah, vejam o filme. A trilha também é ótima.

Dica Cultural II

Quem estiver afim (ou a fim? sei lá..) de um programinha diferente, convido-os a assistir a este que vos escreve, na peça de formatura do meu curso de preparação de ator.

O texto é uma adaptação de Seis Personagens a procura de um autor do dramaturgo italiano Luigi Pirandello.

É um exercício cujo objetivo maior é o processo dos atores porém dá pra se divertir bastante (bom, eu acho...)

É isso aí. Nós ficamos em cartaz até 31 de outubro. Os horários e o endereço da escola seguem abaixo. Ah, e é de "grátis".

Até lá.

Seis Personagens à Procura de um Autor
De: Luigi Pirandello
Direção: Helio Cicero
Local: INDAC - Praça Americo Jacomino,63 (ao lado do metro Vila Madalena)
Dias: sábados e domingos
Horario: de 08 a 30/08 - 19h
de 5/9 a 31/10 - 21:30h
Duração: 90 minutos

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Dica Cultural

"Ah! Zeus! Por que deu às criaturas humanas recursos para conhecer se o ouro é falso, e não depositou no corpo dos homens marcas que nos deixassem distinguir os bons dos maus?"

Medéia - Eurípedes

Quem estiver de bobeira aos finais de semana, eu recomendo bastante a adaptação teatral que tá rolando no Indac.

O diretor da peça juntou Gota D'água (texto do Chico Buarque que leva a tragédia grega Medéia para a realidade carioca) e a própria tragédia grega.

A empreitada se mostrou muito eficaz, produzindo uma peça muito bonita, tocante e forte.

O elenco manda bem pra caramba também! Todo mundo.

É uma daquelas peças que exigem um espectador mais preparado, que fazem você sair diferente após o espetáculo, sem ser pretensiosa ou chata.

Nota 10.

O INDAC fica naquela pracinha do metrô Vila Madalena. As sessões são aos sabados e domingos às 21:30 (até 30/09, eu acho). E é de "grátis"

domingo, 19 de julho de 2009

Olhar para si

"Aquele que estiver sem pecado, que atire a primeira pedra"
Jesus Cristo

Uma das coisas mais incriveis que tenho sentido nos ultimos meses é a sensação de estar aprendendo constantemente. Comportamentos e convicções que tenho tem sido largamente desafiados e até devastados pelas circunstâncias da vida.

A quantidade de julgamentos que fiz ou palavras que proferi (principalmente em relação aos outros) e, pouco tempo depois, se mostraram bastante erradas ou injustas, é muito grande. E isto tem tido um efeito esmagador no meu ego ultrainflado.

Eu acredito que tenha sido sempre assim mas só agora eu estou tendo olhos para ver. Por que? Na minha opinião, porque comecei a olhar pra dentro.

Já comentei isso aqui no blog uma vez, eu participo de um grupo de estudos espirituais. Nós estudamos diversas doutrinas e religiões com o intuito de entendermos, um pouco melhor, quem somos nós.

Dentre as que mais têm feito mais sentido pra mim, há um aspecto em comum: o que está dentro, está fora.

A reforma íntima, como dizem os espíritas, o treinamento da mente, como dizem os budistas, o espelhamento, como diz a Seich-no-ie etc. Um livro com citações de Gandhi diz " A Única revolução possível é dentro de nós". Eu acredito cada vez mais nisto.

Quando olhamos para dentro de nós, percebemos a quantidade de coisas
mal resolvidas, conflitos, possibilidade de errar que carregamos.
Além da óbvia noção de que um problema só pode ser resolvido após um claro entendimento de seu enunciado, isto permite que, ao pensar no outro, saibamos que a situação é parecida. O que faz com que a capacidade de entender comece a brotar. E a partir daí, a capacidade de respeitar. E a partir daí, a capacidade de se compadecer. E partir daí, a capacidade de perdoar. E partir daí, a capacidade de amar.

Tudo, no meu prisma, parte da auto observação.

Uma coisa é a compreensão, outra é a prática. Ainda estou anos-luz de viver de acordo com estas palavras. Mas, de degrauzinho em degrauzinho, vou seguindo na minha caminhada.