sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A paz

"Did you exchange a walk on part in the war for a lead role in a cage"?
Pink Floyd

Volta e meia ouço aquele famoso papo de algum conhecido "poxa, outro dia vi um gari varrendo a rua assobiando. Ás vezes fico pensando se o pobre não é muito mais feliz do que o rico."

Ou então o velho papo de "largar tudo e vender coco na praia." Geralmente isto é dito por alguém que tem um carrão bacana e se amarra em prazeres caros...dá vontade de lembrar que vendendo coco na praia nao vai rolar manter o carrão mas aí lembro que é só um desabafo da pessoa e desencano..o problema é se esse desabafo acontece toda hora né...mas enfim...

Eu não acho que o pobre seja mais feliz do que o rico. Pegar busão lotado, ver o filho estudando em escola pública, encarar fila do SUS é ruim pra cacete. Quem me conhece sabe que não sou o cara mais materialista do mundo mas adoro varios prazeres que o dinheiro proporciona. E acho que todo mundo gosta.

Acho que o ponto está em quanto a pessoa tem paz. É isso, na minha opinião, que faz um cara ganhar a vida varrendo a rua cantando. Ele tem paz naquele momento.

E a paz pode vir ou não em qualquer um. Rico ou pobre. Branco ou preto. Velho ou jovem. A sensação de paz é a que mais se aproxima, pra mim, do que buscamos por "felicidade".

No nosso mundo de hoje muito se fala de excitação. Adrenalina. Paixão. Tesão. É claro que tudo isso tem o seu lugar mas nada se compara à paz. Poder sentar em um praça e tomar um sorvete. Só isso. Conversar com um amigo sem mais nada na cabeça. Brincar com seu filho.

Estar presente. Paz pra mim é estar presente. E eu acho essa sensação muito mais valiosa do que qualquer excitação.

O que traz a paz? Não faço a menor idéia, se soubesse escreveria um livro de auto ajuda e ficaria milionário. Mas tenho algumas sugestões que os meus anos de vida me trouxeram. Lá vai:

1 - Pouco apego ao que se tem.

Vejo que as pessoas mais plenas no momento não tem muito apego ao que possuem materialmente. Talvez seja por isso que nos acostumamos a ver muitas pessoas pobres sorridentes. O cara tem muito pouco a perder. Em compensação vemos a classe média sofrer com crises e transtornos, morrendo de medo de perder o que conquistaram.

Eu não disse "não dar valor ao que se tem", disse "pouco apego". Saber que o que se tem é bom e deve ser tratado com cuidado mas tentar desenvolver uma atitude de "ah, se a vida quiser tirar, tá tudo bem." talvez seja saudável. E aí tanto faz se tudo o que você tem é uma geladeira velha ou se possui uma ilha em Angra, poderá se sentir mais leve.

2 - Tentar se preocupar menos com o futuro.

Isso é foda. Quase vamos à loucura com pensamentos sobre o futuro. E somos tão doentes que 95% das vezes pensamos que vai dar bosta.

Desencana. Deixa rolar. Faça a tua parte (estude se precisar estudar, trabalhe se tiver que trabalhar, exercite o autoconhecimento) e deixe que o destino faça a parte dele. Que venha o que houver de vir.

Talvez porque as pessoas de menos posses se acostumaram a sambar conforme a onda do momento, nos pareçam mais felizes.

3 - Espítirualidade

Lá vou eu de novo. Quem lê meus posts não deve aguentar mais me ouvir falar de Espiritualidade. Mas a parada é real. Muda completamente a vida de alguém.

Geralmente a galera mais humilde tem uma vida tão sofrida que não tem outro jeito senão se apoiar na Religião. Usei a palavra Religião de propósito pois é isso que vejo, Religião ao invés de Espiritualidade. Mas tudo bem, é melhor do que nada. E isso pode ser um outro fator que traga mais paz para eles.

Mas todo mundo deveria (bom, sei lá se todo mundo, pelo menos pra mim tem feito muita coisa boa) buscar o mesmo apoio. Cada um de acordo com a sua afinidade intelectual. Pensar que a vida é só isso aqui deve ser muito massacrante.

4- Cuidar do corpo

Já que falei de cuidar da alma no item anterior, nao podemos relegar esse outro aspecto da nossa natureza.
É difícil ter paz com dor nas costas. Ou se não gostar do que vê no espelho.

5 - Deixar de se sentir importante.

Eu coloquei em ultimo mas acho que o mais importante de todos. Carregamos um peso enorme nas costas por nos darmos importância demais. Sou o diretor da empresa, muita coisa depende de mim. Sou o provedor da familia, sem mim meus filhos passam fome. Sou dotado de inteligencia e talento, preciso devolver isso pra vida....precisa nada.

Relaxa, nós somos só mais um no meio desse montão de gente. Se morrermos, uma meia duzia vai chorar e o mundo continua, como sempre foi.

Você pode ser o presidente da empresa. Show de bola. Vai ganhar um dinheirão. Faça o seu melhor. A vida te pos lá porque você manja do riscado. Mas não se considere mais importante do que ninguém. Isso só trará infelicidade. O gari nao se acha importante.É leve.

Eu espero, sinceramente, que possa cada vez mais ser e me sentir menos importante.

Enfim, só quis dividir algumas observações. Tomara que os momentos onde eu sinta paz sejam um pouco mais frequentes do que atualmente.

5 comentários:

Daniel RR disse...

Fala cara!

Não vou falar sobre almoço....rsrs

Outro dia estava tentando definir esta mesma coisa: paz. O que era estar em paz para mim? Escolhi que estar em paz (no meu caso) é poder pensar apenas no que quero pensar. Difícil pra cacete. Mas este é o ponto que procuro, que provavelmente só começará a acontecer quando meu emprego deixar de ser necessário.
Se um assunto vem à mente porque está me perturbando ou porque sou obrigado a achar uma solução ou tratativa para o mesmo, então não estou em paz. Se estou pensando algo, importante e crucial ou não, porque minha própria consciência assim quis, então estará tudo ok.
Tem tudo a ver com a definição de felicidade que meu brother Rousseau coloca naquele livro: "Felicidade para mim não é poder fazer tudo que quero, mas sim não precisar fazer aquilo que não quero" (citação não literal).

Nem vou revisar o que escrevi acima, o blogueiro profissional é você.....
Em resumo: para mim, estar em paz é estar livre de obrigações impostas pelos outros. Se eu mesmo me obrigar, beleza, é decisão pensada pelos próprios neurônios.

E nosso almoço? kkk

Abraço,
Daniel

caio disse...

hehe..nosso almoço já virou lenda né..seus gays, eu já propus umas quatro datas..

pois é, bela definição também de paz!! espero que vc encontre aí meios para alcança-la (e depois me conte..hehe)

ah, terminei o livro do Rousseau..incrivel..Às vezes, os presentes mais simples são os mais geniais..valeu mesmo!


abs

Deise disse...

Olha...não sei se escrever um livro está nos seus planos, mas se estiver este texto seria um bom começo, gostei demais!
É memso difícil descobrir e descrever como é que se atinge o patamar de sentir paz, mas acho que pensar no assunto e chegar a conclusões como as que vc escreveu aqui tem um peso importante nesta busca que pra mim é individual e universal ao mesmo tempo.
Quero dizer...qq ser humano que tente seguir passos como os que vc listou, tem grandes chances de encontrar a paz! Por isso achei seu texto muito inspirador! Parabéns!

Beijos!

caio disse...

hum...não penso em escrever um livro não..pq aí precisaria plantar uma arvore e ter um filho né...e plantar arvores dá muito trabalho..rs

um bjo no seu coração!!

Dd. Navarro disse...

Com certeza a ação mais difícil entre essas 3 é plantar a árvore...rs
Beijos!!!!