domingo, 25 de outubro de 2009

Para a minha amiga querida Dörte

Como seria bom nao precisar gostar de alguém.
Como seria bom se nós nos bastássemos, nós, com nossa capacidade de amar a tudo e a todos, ficassémos satisfeitos com as belezas que o mundo nos oferece.
Como seria bom se um outro ser humano não nos desequilibrasse tanto; nos amasse tanto, nos fizesse sonhar tanto, chorar tanto, sorrir tanto.
Como seria bom se a nossa felicidade não variasse tanto com uma palavra dita, um carinho feito, um silencio prolongado, um pensamento.
Como seria bom se a promessa dos religiosos, a promessa de um Amor Incondicional, um Amor que nos nutrisse e nos alegrasse, não fosse tão abstrata e longínqua.
Como seria bom se nosso coração não se aquecesse tanto apenas por sentir aquela outra alma por perto e não esfriasse tão velozmente ao menor sinal de que esta se afasta.
Como seria bom se amar, simplesmente amar, fosse o bastante.
Como seria bom nao depender tanto da reciprocidade, da ilusão de certezas, da necessidade de afagos mentais, daquilo que nos aquieta temporariamente.

Seria bom. Muito bom.

3 comentários:

Dd. Navarro disse...

Que texto bonito e...quanta inquietude nessa alma...!

Me lembrei de um trecho de um artigo que li outro dia:
"O ser humano teme a ausência de uma pessoa amada, como afirmou Freud em 1905. Ele teme a ausência do Outro, do espaço intersubjetivo da linguagem, teme a ausência de palavras verdadeiras (Françoise Dolto), pois sem elas ficaria reduzido a uma mera organicidade".

Talvez por isso, em determinados momentos ,a gente sonhe em viver com a total autonomia, por experimentar a ausência da segurança completa, incompatível com o amor e com própria existência, me parece.

Beijos...!

caio disse...

hum...confesso que nao entendi muito bem o que vc quis dizer...rs..mas sei lá, vindo de vc deve ser algo bonito...

valeu pelo elogio! quanto à inquitude da alma, é isso que me mantém vivo..

grande beijo

Dd. Navarro disse...

Hahahaha...eu reli meu comentário e conclui que ficou num estilo: “digo muitas coisas, mas nada tão claro que possa ser entendido pelo dono do blog” hehe!
Eu quis dizer que seu texto fala de coisas suas, mas que não deixam de ser comuns a todos nós, qdo citei Freud, me refiria a: um amor objetal e primário que está contido dentro da gente (mas esse assunto é um papo pra um coffee) e que se projeta em todos os âmbitos relacionais da nossa vida e produz um quantum significativo de desejo de receber e sobre isso, seu texto fala de uma forma linda como a gente se sente.
Só que...por causa da condição humana, desejo é frustrado inúmeras vezes e nossa alma pede a autonomia que no seu texto, na minha leitura, expressa como o desejo central ... “como seria bom se...!”. Mas...esta inquietude parece inevitável em alguns momentos, porque, na minha opinião, a vida existe (está) entre as variáveis do desejo e da frustração.
E sobre a inquietude da sua alma, não foi um diagnóstico (desculpe se ficou com esta cara!)...era só pra concordar com sua última frase que diz: “daquilo que nos aquieta temporariamente”...desse jeito queria falar da intensidade que eu li no seu texto e em você!
Adorei a conversa!!!! Muitos beijos!