quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

duas breves historias sobre crer ou não em algo maior..

Dois amigos trabalharam vinte anos com a mesma mulher...um deles se apaixonou por ela, o outro não...

Um peixe vira para o outro e diz: eu ainda encontro esse tal de oceano que todo mundo fala...

sábado, 18 de dezembro de 2010

Porque eu sou a favor da legalização das drogas

Antes de listar meus argumentos suportanto o título acima, preciso deixar claros 02 pontos:

- esta minha opinião está longe de ser definitiva. Venho tendo variações enormes a respeito deste assunto. Decidi escrever pois escrever me ajuda a clarear meus sentimentos e a refletir sobre a minha própria opinião. Também percebi que alguns amigos gostam de se manifestar em alguns posts que tenho escrito. Espero, sinceramente, que alguns deles dediquem um pouco de seu tempo criticando meus argumentos, de forma que eu possa enriquecer o que penso.

- embora tenha um pouco de receio que isto possa acontecer, eu nao quero, de forma alguma, influenciar ninguém. A opinião que cada pessoa tem de cada assunto é de responsabilidade da própria pessoa. Sobre este tema tão polêmico eu tenho lido, conversado e até tido experiências práticas, de forma que os próximos parágrafos são resultados parciais da minha história, única e individual.

Bem, vamos ao que interessa.

Não quero entrar aqui em digressões históricas e antropológicas sobre a relação do homem com substancias psicoativas. Primeiro porque nao tenho elementos para tal. Segundo, estou com uma imensa preguiça de buscar este tipo de informação.  Como já escrevi acima, a minha opinião atual baseia-se na minha experiencia teórica e prática de leigo.

Entretanto, qualquer um percebe o crescente embate que os Estados e a Sociedade têm com as organizações ilegais que nascem ao redor do narcotráfico. Somas monstruosas de dinheiro, de esforços e de vidas tem sido investidas no aspecto da repressão da produção e venda de drogas ilícitas. Apesar de haver mercado negro, não se vê nada parecido ocorrendo com as drogas lícitas.

Um dos pilares fundamentais do Código Penal brasileiro é o princípio da alteridade. Este princípio reza que apenas podem ser passíveis de punição condutas que gerem prejuízos a terceiros. Embebedar-ser não é um ato proibido, pois o uníco ente a sofrer as consequencias deste ato é o próprio praticante. Conduzir um veículo alcoolizado é crime, desnecessário explicar porque. Por esta razão, a tentativa de suicídio não sofre punição. Até que ponto o consumo de substâncias psicoativas enquadra-se neste príncípio?

O mesmo documento citado no parágrafo anterior considera drogas lícitas o tabaco e o álcool (além das drogas utilizadas em tratamentos fisiológicos, como os ansioliticos, antipsicóticos e afins) e drogas ilícitas as outras substancias entorpecentes com potencial aditivo (viciante) como a maconha, a cocaína, a heroína e o LSD.  Embora ainda esteja na esfera do Direiro Penal (ou seja, sujeita à penalidades), a posse de pequena quantidade de droga ilícita não é mais rotulada crime desde 2006. De forma prática, se alguém for pego com uma quantidade considerada de uso pessoal de LSD, estará cometendo uma infração e não mais um crime, o que tornará sua punição bastante mais branda. Me parece que o Direito brasileiro está caminhando em um sentido correto.

Acontece que o potencial aditivo de algumas drogas lícitas são maiores do que várias drogas ilícitas (exemplos de substancias e seus potenciais de causar dependencia: tabaco – 32%, heroína – 23%, cocaína – 17%, álcool – 15%, estimulantes não cocaínicos – 11%, maconha – 9%, psicodélicos – 5% e inalantes – 4% 1). Importante ressaltar que potencial aditivo não guarda nenhuma relação com os efeitos do uso agudo ou cronico da droga.

Em 2009, o Estado brasileiro, nas suas três esferas, gastou aproxidamente R$ 48 bilhões de reais em Segurança Pública 2. Não tenho informação sobre o percentual deste montante investido no combate ao tráfico de drogas e às atividades satélites mas presumo que seja uma quantidade significativa.

Quis listar as informações acima para edificar o que, ao meu ver, é a principal razão para o Estado brasileiro pensar na legalização do uso de drogas ilícitas: este comportamento deve,ainda que lenta e gradualmente, migrar do âmbito da Segurança Pública para o da Saúde e da Educação Pública. Na minha visão, um adito deve ser encarado como alguém merecedor de tratamento e todos nós como potenciais consumidores de drogas. Fico pensando o que aconteceria se boa parte do dinheiro mencionado no parágrafo anterior pudesse ser investida em amplas campanhas educativas de prevenção ao consumo e no tratamento de pessoas cujas vidas estejam sendo destruídas pelas drogas. Infelizmente, o combate ostensivo da criminalidade resultante da proibição demanda muito recurso.

Um outro argumento pro legalização é que, da forma como é um viciado, alguém que consuma eventualmente ou simplesmente que queira experimentar é obrigado a navegar em águas muito próximas às águas da marginalidade, pois a aquisição da substância o obriga a conviver com criminosos.

Eu acho que manter o consumo de drogas ilícito é tentar tapar o sol com a peneira. O ser humano, por razões que fogem ao meu entendimento, sempre se drogou. Segundo a ONU, 30% da população mundial faz uso do tabaco e 60% do alcool 3. Estas duas substâncias tem um mercado oficial, significando locais de venda e comunicação regrados; produção com normas de qualidade rígidas;empregos sendo gerados; tributos arrecadados e campanhas educativas e órgaos de recuperação existindo na legalidade. Acredito que para as outras drogas deva acontecer o mesmo.

Concluo reafirmando que sou absolutamente contrario ao consumo de drogas. E falo isso com a experiencia de quem, por 02 anos, fez uso de um psicoativo extremamente poderoso (o DMT - outro dia escrevo isso) e de quem já experimentou algumas drogas ilícitas. A idéia da legalização, como espero ter conseguido transmitir neste longo texto, é a de colocar a questão onde ela deve ser tratada: pelos Ministérios da Educação e da Saúde e não pelo da Justiça, pela Polícia e pelas penitenciárias.


Fontes:
1 - http://www.fapepi.pi.gov.br/novafapepi/sapiencia9/artigos2.php

2 - http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4842114-EI306,00-Investimentos+em+seguranca+publica+crescem+no+Brasil.html

3 - http://www.aids.gov.br/noticia/60-da-populacao-mundial-consome-alcool

domingo, 12 de dezembro de 2010

Quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Estou no trem Napoli – Roma. 16:30h. Dia lindo. Nápoles foi inesquecível.

1º dia: descansei no albergue. Spaguetti no almoço e no jantar; O Poderoso Chefão e Trainspotting no DVD.

2º dia: Pompéia e Paula. No busão de ida para Pompéia estávamos eu, uma americana gorda e maleta e Paula (argentina de cair o queixo) na frente trocando idéia com uma tiazinha.Horas depois, na parada para comer um sanduíche já em Pompéia, a encontro. Trocamos um monte de idéia - descobri estarmos no mesmo albergue - e nos encontramos novamente no meio da tarde. A partir daí não nos desgrudamos. À noite macarrão e vinho e Snatch no DVD. Mas sem beijo.

3º dia: Capri! Que dia! Acho que se eu recebesse a benção de poder viver um dia de novo antes de morrer, seria esse!
Fomos juntos. Chegamos a Capri por volta de 11h e pouco e fomos para o centro da cidade. Passeamos bastante pelas ruas de Capri, conversando e olhando a beleza das casas, muitas flores e frutas. Um senhor me ouviu falar à Paula que adorava figo e nos deu alguns de seus pés. Tava tudo tão perfeito que eu não iria tentar beijá-la pois não queria estragar o momento.
Achamos uma casa nas rochas e uma vista incrível e subimos mais um tantão até quase o cume daquela parte da ilha. Ficamos ali sentados por quase uma hora, com o mar abaixo de nós e Sorrento na nossa frente.Vi que a Paula começou a meditar então tentei não atrapalhar. Fiquei quietinho, tentando calcular a que velocidade chegaria na água se pulasse dali. Como naquele momento eu achei que estávamos a 50 metros de altura (depois a Paula me convenceu que deveríamos estar a uns 200 e poucos) e usando 9,8 m/s ao quadrado, cheguei a brilhante conclusão que após 10 segundos estaria a 60.000.000 de km/h. Achei que esse resultado era absurdo e desisti.

Na volta, paramos em restaurantezinho simpático e ficamos conversando sobre a vida até quase 5 e pouco. Papo delicioso! Voltamos para a marina, nadei um pouco nas águas do Mediterrâneo (essa hora foi ótima: em determinado momento, eu já havia saído da água, estávamos os dois sentados bem juntinhos. Não agüentei e soltei – claro, depois de 10 minutos degladiando comigo mesmo “vou agora..não, espera...vou falar....não, não tenho coragem..e se ela recusar ?...dane-se, vou falar....ah não, espera...” – sabe que o menino do ônibus tem muito bom gosto ? – no dia anterior, no ônibus de volta de Pompéia um adolescente estava claramente tentando se mostrar pra ela... – ela nem olhou pra mim...fiquei com uma puta cara de bosta. 2 minutos depois, ela foi à beira d’água lavar os chinelos e molhou os pés calçados. Eu peguei os pés dela , coloquei sobre minhas coxas, tirei os sapatos molhados e comecei a secar seus pés com a toalha...tava começando a montar o clima perfeito, até brinquei com ela “não vai se acostumar hein..” – até que ela respondeu bem “eu me acostumo fácil a coisas boas” – mas não deu tempo pra nada pois ela viu um barco atracando e disse “esse não é o barco das 18:25 ? Vamos embora nele ?” Puta comentário broxante, afinal eram 18:20!) e fomos embora.
Durante toda a volta ela dormiu e eu quis colocar sua cabeça no meu ombro, mas não o fiz. Ao chegar, fomos direto para o albergue.Tomamos banho e saímos para comer.
Conversamos bastante no restaurante. Conversa regada a vinho tinto e um licor de maça que a casa nos presenteou no final da refeição (depois que pagamos a conta, o garçom trouxe dois calices com este licor e me deu uma piscada, como que dizendo “fica me devendo essa, parceiro”) e saímos andando por Nápoles.

Passamos pela galeria Umberto I, a praça do plebiscito e sentamos para tomar mais um pouco de licor, dessa vez limoncello. Ficamos até 2 da manhã conversando. Falamos de história política da Argentina, dos ex-namorados dela, do pai dela, de futebol, de Diego Velásquez etc. Que conversa deliciosa!Ela confessou que estava adorando a conversa.

Bem, voltamos para o albergue já andando abraçadinhos, subimos o elevador, entramos pela recepção, puxei-a para a cozinha pois a recepcionista estava dormindo ali e dei um beijo nela. Foi gostoso. Mas após o beijo ela disse que precisava dormir. Não discuti. Demos outro beijo, ela me disse que tinha amado o dia, eu disse que ela era uma pessoa especial e ela foi dormir.

Hoje: nos despedimos de uma maneira morna, dei uma volta pela cidade – orla muito bonita – voltei ao albergue para pegar minha mala e vim para a estação. É isso aí, foi bom demais. Foi. Ás vezes odeio quando o verbo está no passado.

Próxima parada: Roma.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Entre Suzuki e Heidegger

Shunryu Suzuki nasceu no Japão no comecinho do século 20. Em meados da década de 50, foi para os Estados Unidos para difundir a linha filosófica da qual era profundo conhecedor: o Zen.

A palavra japonesa Zen vem da palavra chinesa Chan que, por sua vez, tem sua origem na palavra sanscrita Dhyana, cujo significado seria algo entre Sabedoria e Concentração.

Os praticantes do Zen tem em seu ritual essencial sentar-se em silêncio. Entre outros objetivos, busca-se desenvolver total concentração na atividade presente. Se você está comendo, apenas coma. Se você está fazendo cocô, concentre-se apenas nesse ato.

Derivando-se deste fato, um dos aspectos fundamentais do Zen é o relacionamento. Quando você está totalmente concentrado no ato que está acontecendo, você pode, efetivamente, criar um relacionamento verdadeiro com seu interlocutor, pois sua atenção está 100% focada nele. Seja este interlocutor um outro ser humano, um animal, um objeto ou até mesmo o mar, os praticantes do Zen buscam desenvolver sua percepção de uma forma que sempre estejam completamente atentos a ele. A partir daí, é possível começar a entender um outro conceito, o Inter-Ser, que seria a rede de influências de uns com os outros e que nos une a todos.

Só a atenção completa pode nos mostrar a verdadeira essência de nós mesmos e da realidade que nos cerca.

Suzuki-san foi um dos organizadores do San Francisco Zen Center e até hoje é reconhecido como um dos maiores mestres Zen dos ultimos tempos. Faleceu no começo da década de 70.

Martin Heidegger era alemao, nascido no final do século 19. Filósofo, é considerado, ao lado de Hurssel, de quem fora assistente, um dos pais da Filosofia Fenomenológica, que viria a se desenvolver em uma abordagem da Psicologia.

Entre os diversos aspectos que esta teoria traz, um dos principais é o dasein, traduzido como algo parecido com ser-no-mundo, ou seja, não existe o ser (até existe, mas está além da nossa compreensão) e sim o ser inserido em um contexto, sempre relacionado a alguma coisa.

A abordagem fenomenológica busca a obtenção de um conceito de relacionamento chamado Eu-Tu, onde não há sujeito e objeto e sim dois sujeitos se relacionando com total atenção um ao outro, sem julgamentos e analises, simplesmente se relacionando. Apenas quando conseguimos este grau de atenção com um interlocutor, seja um outro ser humano, um animal, um objeto ou até mesmo o mar, é que começamos a entrar verdadeiramente na essência da nossa realidade e do que nos cerca.

Um terapeuta fenomenológico deve buscar levar seu paciente a um processo terapeutico amadurecido, onde a angustia inicial não mais seja um cobertor da verdadeira questão a ser trabalhada. Somente a partir daí, é possivel iniciar um processo de diálogo e desenvolvimento de uma relação integral do paciente consigo mesmo e, a partir daí, uma relação integral do paciente com o que o cerca, ou o Inter-Ser.

Heidegger morreu em meados da década de 70.

Há indícios que o mestre japonês e o filósofo alemão trocaram diversas correspondências.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

EU MAIOR - entrevista com Carlos Burle



Carlos Burle é considerado um dos maiores surfistas de ondas grandes da atualidade.  Foi em 2001, na Califórnia, quando surfou uma onda com 20 metros de altura, que o esportista começou a se destacar.  Também surfou a maior onda já fotografa no Backdoor de Pipeline, no Havaí.  Dentro do seu programa de treinamento, Burle conta com exercícios de força misturados com alongamento, apnéia, yoga e meditação.  Quando não está surfando, ou treinando, Burle dá palestras.  Avaliação de risco e superação pessoal são alguns dos temas que traz para o público, sempre ilustrando suas palavras com imagens de tirar o fôlego.  Para mais informações, visite www.carlosburle.com.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Tende Calma

"Mandai assentar os homens"
Jesus Cristo em João 6:10


Esta passagem do Evangelho é das mais significativas. Verifica-se quando uma multidão de quase cinco mil pessoas tem necessidade de pão, no isolamento da natureza.
Os discípulos estão preocupados.
Filipe afirma que duzentos dinheiros não bastarão para atender à dificuldades imprevista.
André conduz ao Mestre um jovem que trazia consigo cinco pães de cevada e dois peixes.
Todos discutem.
Jesus, entretanto, recebe a migalha sem descrer de sua preciosa significação e manda que todos se assentem, pede que haja ordem, que se faça harmonia. E distribui o recurso com todos, maravilhosamente.

A grandeza da lição é profunda.

Os homens esfomeados de paz reclamam a assistência do Cristo. Falam nEle, suplicam-lhe socorro, aguardam-lhe as manifestações. Não conseguem, todavia, estabelecer a ordem em si mesmos, para a recepção dos recursos celestes. Misturam Jesus com as suas imprecações, suas ansiedades loucas e seus desejos criminosos. Naturalmente se desesperam, cada vez mais desorientados, porquanto nao querem ouvir o convite à calma, não se assentam para que se faça a ordem, persistindo em manter o próprio desequilíbrio.

Texto estraído de Caminho, Verdade e Vida de Emmanuel.