Ele tinha acabado de voltar de uma experiência internacional para assumir a subsidiária brasileira. Um cara competente. Tinha até carro blindado da empresa à sua disposição. Ele era O cara.
Tudo ia perfeitamente dentro do script.
Eis que um dia o gerente de Marketing resolve contratar uma assistente.
E essa assistente é uma graça.
E essa assistente se encanta pelo presidente. Afinal, ele é jovem e bonito. Afinal, ele é o presidente. Afinal, várias mulheres sonham em se relacionar com ele.
E ela começa a se vestir melhor para ir trabalhar.
E ela começa a enviar sinais sutis, mesmo que inconscientemente, para chamar sua atenção.
Ela joga o cabelo para o lado nas reuniões.
Ela vem trabalhar de rabo-de-cavalo.
Ela passa a abusar da calça branca.
Ela usa maquiagem leve, mas que a deixa mais bela. Afinal, ela é bela.
O tempo passa.
O presidente é um cara ocupado. Ele tem filhos pequenos. Ele se dá bem com a esposa. E, acima de tudo, ele é o presidente.
E eis que, um dia, ele repara que ela jogou o cabelo de lado. Mas ele logo esquece.
E eis que, um dia, ele repara que ela está de calça branca. Mas ele logo se ocupa com outra coisa.
E eis que, um dia, ele repara no charme que ela joga (ele não é o presidente por acaso...). E essa percepção afaga seu ego.
E eis que, um dia, durante um almoço de negócios, o presidente se pega pensando na assistente de Marketing. Mas passa.
E eis que a idéia de dar uma escapadinha com a assistente fica mais frequente. E ele começa a se inquietar.
E eis que um dia, ele percebe que, sem querer, correspondeu a um sinal dela. Ele deu um sorriso que normalmente não daria para alguém tão longe na hierarquia da empresa.
E eis que ele percebe que está frequentemente correspondendo aos sinais dela. E pior, percebe que é mais forte do que ele.
E eis que ele tenta evitar mas ela já percebeu que ele corresponde aos seus sinais. E isso dá mais força para este jogo implícito.
E eis que um dia o jogo fica um pouco menos implícito. Um comentário um pouco mais atrevido. Uma brincadeira um pouco mais íntima. Uma risada um pouco mais incomum.
E eis que um dia acontece o que tem que acontecer...
E ele é o presidente. Ele sabe que nada disso poderia ter acontecido. Mas aconteceu.
Porque acontece.Mesmo com o presidente.
2 comentários:
Agora seu nome é Presidente? ;)
Daniel
quem me dera parceiro, quem me dera...
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