sexta-feira, 12 de agosto de 2011

'E o que você vai ser, quando você crescer?"
Pais e filhos, Legião Urbana


Eu não sou pai. Dizem que você só entende o que é ser filho quando se é pai. Não posso opinar sobre este assunto mas posso trazer esta reflexão para algo mais próximo ao meu universo.

Hoje eu sou chefe. E esta experiência está alterando completamente a forma como eu enxergo as relações humanas. Veja, eu nao disse "as relações de trabalho", eu disse as relações humanas.

É muito difícil ser chefe. Acho que a gente passa por um período de adaptação, onde comete uma série de cagadas, até que vai, aos poucos, acertando o passo....como sabemos que estamos acertando o passo? Vamos ficando menos ansiosos, mais relaxados e até tendo certo prazer em exercer nossa função...

Hoje, enxergo que crescer é um processo cuja responsabilidade é apenas nossa, de mais ninguém....não há nada que outra pessoa, sejam os pais, os chefes, os governantes possam fazer por você...se eles forem sábios e maduros, podem te dar algumas orientações e não atrapalhar mas o trampo é seu.

Hoje, enxergo que somos muito mimados...refiro-me a nós, brasileiros...não sei como as pessoas são criadas em outros países...mas, se pudesse listar o principal problema da nossa sociedade, diria que é isto: somos mimados.

As argumentações que ouço dos meus funcionários explicando porque não estão satisfeitos ou o que a empresa deveria fazer me mostram que nós estamos acostumados a transferir a responsabilidade da nossa realização, ou então, estamos acostumados a criar ilusões de uma realidade supostamente perfeita que deveria existir. Mas não existe.

É claro que não estou defendendo que a empresa que eu ajudo a gerenciar é infalível. Não seria tão imbecil. Nem que não devamos buscar nossa realização em outro lugar, caso o atual não nos atenda.O ponto é, paradoxalmente, justo esse. A empresa que eu ajudo a gerenciar não é perfeita e comete muitos erros porque eu não sou perfeito e eu cometo muitos erros. E qualquer um que estivesse aqui cometeria muitos erros (provavelmente de outra espécie). E entender que esta máxima aplica-se a todas as esferas da nossa vida - relacionamentos, política, trabalho traz uma compreensão mais madura da vida o que, por consequencia, traz menos sofrimento e maior possibilidade de se mudar o que não se gosta.

Enfim, como escrevi acima, não adianta nada falar. É o tipo de aprendizado que só quem passa, compreende. Enquanto isso, ficamos pulando de galho em galho, criticando, pois criticar é sempre um caminho muito mais fácil, e sendo infelizes..

Hoje, eu agradeço demais a vida ter me colocado na situação que me encontro...estou conseguindo fazer um belo doce do abacaxi que me foi oferecido.

2 comentários:

Rivotril disse...

sem dúvida, hoje faço um trampo para uma empresa sobre cultura e o que mais ouço são lamentações, poucos param para pensar no que eles podem fazer para melhorar e jogam a responsabilidade nos ombros da firma...

Masamune disse...

A frase do começo é ótima, acho que antes tem: "São crianças como você, o que vc vai ser quando vc crescer..."

Eu já sou pai. E muitas vezes me sinto como criança. Conciliar esses 2 papéis é um aprendizado diário. Pois acho que os dois são importantes.

Ser chefe é difícil mesmo, e essa parte de "desenvolver" os outros é complicada. Pois é que nem com drogados, não adianta tentar ajudar quem não quer auxílio...

Como bem colocado no post, eu como chefe também faço um monte de cagadas. Todo mundo faz. Só que tem uma galera mimadinha que não sabe ajudar, consertar, só reclamar. Acho que não é só no Basil não, mas aqui temos essa capacidade de incorporar rapidamente as tendências mundiais...e essa do coitadismo pegou forte por aqui...

Valeu! Bom post...