sábado, 12 de fevereiro de 2011

A beleza na imperfeição

Wabi Sabi é uma expressão japonesa usada para definir a harmonia visual que existe na imperfeição. Olhar e tentar observar tudo com simplicidade, naturalidade e atenção à realidade que está a nossa volta.

Em uma linda noite, um dos maiores mestres da cerimônia do chá no Japão, Takeno Joo, recebeu em seu mosteiro um jovem chamado Sen no Rikyu, que bateu à sua porta querendo aprender os complicados rituais da cerimônia.

Takeno abrigou o rapaz e pediu que, no dia seguinte pela manhã bem cedo, antes das orações, ele varresse o jardim externo do mosteiro, que era todo circundado de Momijis e cerejeiras em flor.

Pela manhã Rikyu começou feliz seu trabalho e, ao final de algumas horas, o jardim estava completamente limpo e sem folhas. Olhou mais uma vez e, antes de chamar o seu mestre, checou cada centímetro de areia e pedras para ver se estavam completamente limpas.

Sen Rikyu se dirigiu para uma árvore central do jardim, sacudiu um de seus galhos e algumas flores caíram na areia e nas pedras do jardim. Ele retornou e falou para seu mestre que, agora sim, estava tudo em harmonia.

O mestre Takeono sorriu e, daquele dia em diante, Sen Rikyu se tornou um dos seus melhores alunos do mosteiro e se tornaria, com o tempo, um dos maiores e mais revolucionários mestres da cerimônia do chá no Japão.


A cultura Zen e Taoísta mostra que a ação do homem tem que ser leve e harmoniosa quando lida com a natureza e com o que está à sua volta. Não devemos interferir de maneira que se perca a essência da vida: nascimento, amadurecimento e morte são um ciclo e devem ser respeitados. Devemos enxergar e admirar aquilo que o tempo desgasta e toca com suas mãos.

Ter uma visão Wabi Sabi é ter um olhar melancólico, sabendo que a vida é feita de várias etapas passageiras, e o pensamento Budista retrata bem esse sentimento.

“Todas as coisas são impermanentes. Todas as coisas são imperfeitas. Todas as coisas são incompletas”.

Extraído de pensandozen.blogspot.com

3 comentários:

Diogo disse...

Fico impressionado como a filosofia oriental é diferente da ocidental. Me agrada muito.

Essa leveza, tranquilidade, busca de harmonia e não de perfeição...

Provavelmente estou sendo ingênuo, mas parece uma coisa muito menos egoísta e mais verdadeiramente preocupada com o bem estar das pessoas do que a coisa judaico-cristã que derrama culpa em cima das pessoas.

Bom, já me joguei na boca do leão, critiquem a vontade...

Masamune disse...

Muito legal o texto. Só o fato da cultura oriental ter tantos textos assim e as pessoas se interessarem por isso já mostra a enorme diferença com nossa cultura Grammy/BBB/Carnaval...

Acho que rolou uma mistura no argumento do Diogo, a cultura oriental em muitos casos provoca uma culpa enorme também. Honra, tradição e disciplina são levados ao extremo com consequencias muitas vezes desastrosas.

Mas a parte da harmonia é forte, rola uma preocupação de se adaptar ao ambiente tanto natural como humano. São sociedades menos barulhentas, afinal o ruído de um incomoda o outro.

O que mais gosto é o conceito de impermanência. De que tudo muda. Ensina muito como lidar com a sensação de perda....

Homem Oco disse...

kkk..pohha diogão, eu divido muita coisa que vc disse..nao acho que tenha se jogado na boca leão (se bem que o leão ia te cuspir, tu deve ser ruinzão...)

tem muita porcaria por lá tb mas são culturas de 4,5,6k anos né...dá tempo pra aprender alguma coisa...

abs