quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Mais eleições...

Lá vou eu falar disso novamente. Mas é que acho esse assunto importantíssimo e tenho visto coisas muito bizarras, na minha opinião.
Hoje almocei assistindo ao programa eleitoral para vereadores.Alguns pontos que vieram à minha cabeça:

1 - essa eleição está marcando de vez a morte do Paulo Maluf. A sua proposta de fazer uma freeway às margens dos rios me faz vê-lo como um candidato do mesmo quilate do Levy Fidelix e seu aerotremcopiadoporcamentedaepcotcenter.

2 - se eu fosse um candidato a vereador, eu ficaria muito puto de ser obrigado a destinar 02 preciosos segundos do meu parco tempo para dizer "...com fulano prefeito"...porra, já tá lá, ocupando metade da tela, a foto do cara enquanto eu falo...os do PSDB e coligados têm que dizer "...com Geraldo Alckmin prefeito e Campos Machado vice"....tadinhos....

Mas agora quero entrar no ponto principal deste post.Sob o meu prisma, Política é coisa séria.Muito séria. Nós deveríamos exigir que somente gente com algum preparo ocupasse cargos públicos no país.Explico.

No programa a que assisti hoje, a grande maioria dos candidatos me transmitiu não possuir preparo necessário para ocupar um cargo no Legislativo municipal. Digo isso pelos erros de Português e pela "esdruxulice" de algumas propostas.Todas que relato abaixo são reais:

"Vote Fulana de tal Manicure. Vou defender os interesses das manicures da Zona Leste na Câmara"

"Corinthiano vota em corinthiano. Fui. Auá"

"Deixe Deus votar por você. Pastor Fulano de tal"

"Só o Socialismo nos salva da barbárie"

"Vote no meu pai" (era uma menina de uns sete anos no colo do pai)

Antes que você pense que vou começar um discurso elitista, quero deixar claro que não tenho absolutamente nada contra as manicures da Zona Leste, os corinthianos, os religiosos, o Socialismo, os pais etc, e que acho muito bonito as pessoas correrem atrás daquilo que acreditam.O foco desse post é somente o preparo necessário para se ocupar um cargo, seja público, seja privado.

Ao usar os 05 ou 10 segundos a que tem direito com propostas absolutamente inexequíveis (alguém, por favor, avisa o candidato socialista que não é possível, infelizmente pra uns, felizmente pra outros, alterar a ordem econômica mundial sendo vereador paulistano...) ou que não fazem o menor sentido (será que o maluco acha realmente que alguém vai votar nele porque sua filha de 07 anos pediu?), o candidato mostra que não entende o funcionamento das estruturas legais do país,pra dizer o mínimo, e que lhe falta bom senso.

Para se conseguir eficiência em qualquer coisa nessa vida, é preciso entender, pelo menos um pouco, o funcionamento do objeto em questão. Eu fico me perguntando qual seria a reação do pai de um filho doente ao saber que o médico que irá atender o menino não tem formação em Medicina. Ou de alguém que acabou de comprar um apto na planta e descobre que não foi um engenheiro que planejou a construção. Ou até mesmo de um passageiro que, ao entrar no ônibus, fica sabendo que o motorista não tem carta. Mal comparando, é mais ou menos isso que fazemos ao escolher um político que não possui o mínimo de formação. Para concorrer à vaga de papiloscopista na Polícia ( do site da PF: profissional que desempenha atividades envolvendo coleta, análise, classificação, pesquisa e arquivamento de impressões digitais) é necessário ter concluído o Ensino Médio.

Ah, mas grande parte da população não tem acesso ao ensino qualificado, então estaríamos excluindo toda essa população do processo eleitoral? Estaríamos, para sempre, nas mãos da classe abastada, que só pensa em defender os seus interesses.

Bom, primeiro que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Concordo que há uma gestão terrível dos investimentos sociais no Brasil, fazendo com que haja um contingente enorme de pessoas mal preparadas.Mas, de novo, não é o foco desse post.

Segundo, novamente digo: temos que ser maduros e pragmáticos. Para que algo possa realmente ser feito, são necessárias pessoas que entendam como o processo funciona.Pessoas que conheçam bem a nossa língua, entendam o mínimo de Matemática, Economia, História e Geopolítica.

Terceiro, existem inúmeros e inúmeros exemplos de pessoas cujos pais não puderam sustentar um ensino de melhor qualidade mas, graças aos seus esforços pessoais, tornaram-se gente preparada para qualquer posição (o JK acabou médico e presidente).

Quarto, assumir que ter grana = falta de escrúpulo é tão irracional quanto discriminar alguém por pertencer à classe baixa. Conheço muita gente de classe média e alta com altos valores sociais.

Eu acho urgente que os órgãos competentes elaborem algum tipo de análise (nem sei se isto que estou propondo é absurdo do ponto de vista prático e legal, é apenas a opinião de um leigo) da capacidade do candidato para ocupar o cargo desejado. Nem que seja uma provinha com conhecimentos mínimos das matérias que citei acima. Na pior das hipóteses, o número de candidatos diminuiria, aumentando o tempo de exposição individual e, consequentemente, uma melhor análise dos eleitores a respeito das propostas.

Bom, o post já está gigantesco. Vou parar por aqui.Ah, a doutora Havanir está com uns peitões hein...tá vendo, alguém com o meu senso estético já seria reprovado na prova....

2 comentários:

Masamune disse...

Isso é assim faz tempo. A provinha não cabe pois quem faria a prova? Quem seria o orgão competente?

Já tem um caminho desenhado, a tal da reforma política, com a redução do número de partidos e candidatos. Naturalmente, pela maior competição, teriam candidatos melhores.

Nós fazemos parte da procrastinação do Brasil, a cada vez que ficamos elocubrando soluções novas para problemas antigos. Tem que insistir 758 vezes na solução já determinada.

São 27 partidos, mais uns 18 em fase de legalização. Que chance tem de funcionar? Lembra da estratégia KISS??? Sem chance...

Pensando assim, hoje lendo a Veja - eca - decidi com qual critério vou votar.

Qualquer um que esteja focado em educação eu to votando. E dane-se.

Falando nisso, quem é o candidato a vereador que fala em educação?

Anônimo disse...

Concordo 100% com o lance de ter critérios básicos.

Para começar, acho que a gente precisa para de ter dedos (como nosso presidente...hehehehe, não resisti) para alguns assuntos. Precisa ter preparo para ser político. Isso vai excluir alguns do processo? Sim, vai. Ponto final. E os pobrinhos, coitados, ficam de fora? Não, eles são maioria e escolhem quem é eleito. Qual o problema nisso?

Seria legal se uma ONG tipo a Transparencia Brasil fizesse a prova. E os dados são publicados. Vote ou não nos caras, simples assim. Mas pelo menos ia expor um pouco mais o problema.

Uma outra alternativa é a própria mídia deixar de ser frouxa e se posicionar, dizendo: O Estadão acha que precisa XYZ para ser político. Estes atendem, estes não atendem.