Um dos principais conceitos em Marketing é o ciclo de vida de um produto. Para não me estender muito aqui, em resumo o ciclo de vida é o momento em que o produto se encontra em relação ao mercado (consumidores, concorrentes etc). Cada momento demanda determinadas ações, sob o risco de nada dar certo. Bem a grosso modo, podemos dividir o ciclo de vida de um produto em quatro fases:
1 - Lançamento (ou nascimento): o produto é um entrante, ou seja, já existem concorrentes atuando nesta categoria (salvo seja uma nova categoria mas aí é outra história). Geralmente nesta fase, usa-se precificação mais agressiva e estratégias de comunicação que visam a tornar o produto conhecido e forçar a experimentação.
2 - Consolidação (ou adolescencia): Se a fase 1 tiver sido bem sucedida, é hora de começar a cristalizar na cabeça do seu consumidor o que é o seu produto, quais os verdadeiros beneficios que ele te entrega. As políticas de preço e de comunicação já começam a ficar mais alinhadas com o posicionamento do produto.
3 - Maturidade (idade adulta): o produto já está bastante consolidado no mercado. O posicionamento de preço, estratégias de comunicação e distribuição seguem completamente o posicionamento da marca. Nesta fase, geralmente as atividades mais comuns são tentativas de manter a marca no seu patamar corrente, seja com ações de inovação ou guerrilha contra novos entrantes.
4 - Fim do ciclo de vida (morte): Pode ser que demore seculos, mas uma hora o produto tende a desaparecer (ou ficar restrito a um nicho). Nesta hora, o mais inteligente é nao investir caminhoes de dinheiro tentando fazer perdurar uma situação que é fatal.
Não por acidente eu fiz uma analogia com os momentos da vida humana. Foi para deixar o meu ponto ainda mais claro. Cada momento exige uma ação. Alimentar um adulto com leite materno não é muito inteligente.
Quando, em 1993, o presidente Itamar Franco e sua equipe economica colocaram o Plano Real no ar, diversas atitudes se faziam necessarias. Uma delas era o aumento da taxa de juros e da carga tributária. O país precisava se capitalizar, sob risco de dar default (calote) nos seus credores e perder completamente qualquer chance de estabilizar sua moeda. Ainda como parte deste projeto de atração de capital internacional, era fundamental fortalecer as instituições do país, de forma que os investidores nao se sentissem ameaçados de perder seu dinheiro (você compraria um tenis em uma loja que a qualquer momento poderia tomar seu tenis de volta?). As agencias reguladoras, o Ministerio Publico, o STF, o Banco Central e tantas outras organizações tinham cada vez mais autonomia. Um terceiro pilar importante deste plano de "lançamento" do produto Real era a diminuição dos gastos do Estado com atividades nao essenciais (para poder lastrear a nova ordem Economica vigente) como siderurgia e telefonia, daí o plano de privatizações.
Quem não se lembra das crises mundiais causadas pelo risco de default de Russia, Coreia e Mexico entre 1998 e 1999 ? O país aguentou firme essas grandes marolas da Economia mundial.
Também fazia parte do plano uma mudança das politicas economicas e institucionais vigentes, quando o país atingisse certa maturidade. A gradual redução das taxas de juros, as reformas tributária, trabalhista, previdenciária e política seriam o proximo passo deste ciclo de vida.
Toda esta introdução para dizer que esse discurso de que o Governo Lula deu continuidade aos avanços economicos do Plano Real é uma grande mentira. Dar continuidade significaria compreender as novas circunstancias mundiais e decidir se era o momento de entrar com as atividades condizentes com o novo ciclo de vida do produto. E era. De 2002 para cá, com exceção da crise de 2009, os ventos da Economia mundial sopraram muito, repito, muito a favor do país. Por causa de um trabalho de quase 20 anos, que iniciou-se em 1991 com o Governo Fernando Collor incentivando as importações e continuou com os presidentes Itamar e FHC, o país adquiriu confiança externa e fortaleceu suas instituições, proporcionando a bonança dos tempos de agora. Nos ultimos anos nós perdemos uma oportunidade única de acelerar ainda mais nosso barco em direção ao primeiro mundo.
E a razão pela qual o Governo Lula não fez o que tinha que ser feito é simples: eles não sabem. Não tem preparo. Ao fazer dos cargos técnicos premiações politicas, transforma-se as instituições em meros joguetes do poder. Exceção feita talvez ao Banco Central, que foi presidido pelo ex-presidente do Bank Boston (e que era filiado ao PSDB) Henrique Meirelles. Ou seja, alguém com preparo.
É muito triste ver uma massa de 50% da população eleitoral sendo enganada por este discurso infantil e mentiroso do PT. As pessoas estão acreditando que o PT foi responsável por ações sociais que beneficiam os mais pobres, que as classes C e D ascendem graças à gestão petista, que o Governo Lula deu continuidade às coisas boas dos governos anteriores. Por favor, nao caia nessa. Isto é mentira. O bolsa familia é uma adaptação do bolsa-escola. As classes C e D estão ganhando poder de compra graças a uma série de fatores que nao descreverei aqui sob risco de deixar este post mais imenso do que já está. E o Governo Lula NÃO deu continuidade ao Plano Real, como já expus acima o porquê.
Estamos decidindo se o país rumará para os portos onde encontram-se Espanha, Irlanda, Chile e Coréia do Sul ou para os portos onde estão Venezuela e Argentina.
Não há maior ação social do que uma Economia saudável e instituições apartidárias. Os investimentos (e principalmente, a eficiência) em Saúde, Educação e infraestrutura são decorrencias.
Se você odeia com todas as suas forças o PSDB e o José Serra (que é o candidato com maiores possibilidades de vencer o PT), vote na Marina. Ou no Eymael. Ou em qualquer outro. Mas eu te peço, com o coração aberto, não vamos deixar nosso país mais oito anos nas maos de pessoas tão despreparadas.
2 comentários:
Concordo! Mas cada vez mais fica mais difícil conversar esses assuntos com quem vai votar no PT...Parece uma lavagem cerebral..sei lá... bj
Tem alguns petistas que realmente encaram isso como uma seita, não admitem discussão, não escutam nada.
É perda de tempo falar com essa gente, é o mesmo que tentar convencer um crente de que a Igreja dele rouba seus fiéis.
Mas tem um grupo maior, que vai votar na Dilma porque está conseguindo consumir mais. Esse público é mais aberto, é com essas pessoas que ainda dá pra falar.
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