quinta-feira, 4 de março de 2010

Entre Darwin e Shiva

Um dos mais importantes pensadores do século passado foi Darwin. De acordo com seus estudos as espécies evoluem mediante o acúmulo sucessivo de novas estruturas e funções. Cada organismo, então, tem as características físicas de seus ancestrais, bem como novas.

A anatomia (estrutura) e a fisiologia (forma de funcionar) do nosso cérebro seguem exatamente esta lógica. Como uma escavação arqueológica, as camadas da estrutura cerebral vão revelando nosso passado evolucionário. As regiões mais profundas do cérebro humano são idênticas às dos répteis. Em contrapartida, estruturas adicionadas mais recentemente pela evolução são desenvolvidas apenas em humanos.

De forma meio grosseira, é como se tivéssemos dois cérebros. Um velho cérebro primitivo que temos em comum com os outros mamíferos - e em seu núcleo com os répteis - estrutura essa que recebeu o nome de cérebro "límbico" e, ao seu redor, no curso de milhões de anos de evolução, uma camada formada
muito mais recentemente. Esta camada recebeu o nome de "neocortex".

A estrutura límbica é responsável pelas emoções e pela fisiologia do corpo. Atividades como batimentos cardíacos, respiração, apetite e impulso sexual seguem suas ordens.

O neocortex responde pela cognição, pela linguagem e pelo raciocínio. O cortex pre-frontal, a estrutura do neocortex localizada atrás da testa e que só é bem desenvolvida na nossa espécie, Homo Sapiens, é a parte responsavel pela atenção, concentração, inibição dos impulsos e instintos, pelo regulamento das relações sociais e pelo comportamento moral.

Essas informações eu tirei de um livro que li há algum tempo chamado "Curar o stress, a ansiedade e a depressão sem medicamento nem psicanálise", escrito por um psiquiatra francês. Segundo ele, após anos de pesquisas na área da neurologia e mais alguns na psiquiatria clínica, ele resolveu tentar entender o porquê da Medicina ocidental ser tão eficiente para os casos agudos (aqueles que surgem e vão embora, como a pneumonia, fraturas etc) mas não para os casos crônicos (aqueles que acompanham o paciente durante longo perído da vida, como o diabetes). A ansiedade e a depressão são considerados males crônicos.

Segundo o livro, pesquisas apontam que um grande número de pacientes com ansiedade e depressão tratados da forma tradicional (psicoterapia e medicação) apresentam recaídas ao longo da vida. E ele começa o livro apresentando um pouco de neurofisiologia (cuja pequena parte descrevi no início deste post) para justificar que terapias através do corpo podem ser mais eficazes do que através da linguagem (como é a psicoterapia).

Mas o ponto que eu quero trazer não são as formas de tratamento dos males psiquicos humanos.

Me chamou muito a atenção a estrutura evolucionária do nosso cérebro. Há algum tempo atras, lendo alguns tratados sobre Hinduísmo, um mestre escreveu que através de certas práticas meditativas conseguimos alterar fisicamente o nosso cérebro. Segundo ele, algo como 10 a 12 anos de práticas meditativas constantes seriam suficientes para leves alterações na estrutura cerebral. A meditação,como sabemos, melhora nossa capacidade de atenção, concentração e de relacionamento social e moral. Justamente as áreas que ficam sob a responsabilidade da estrutura cerebral que só existe no Homo Sapiens, a espécie, teoricamente, mais evoluída do nosso planeta.

Como ele defende a reencarnação, seu ponto é que podemos aguardar pacientemente a evolução natural, que leva milhões de anos para nos levar do primitivismo animal para formas de organização social mais avançadas ou então, através de algum esforço pessoal, acelerar nossa própria evolução.

Enfim, divagações. Mas eu gostei da coincidência (?). De qualquer modo, eu recomento a leitura do livro do psiquiatra francês.

Fontes:
Curar o stress, a ansiedade, a depressão sem medicamento nem psicanálise - David Serman Schreiber
The Science of Religion - Paramahansa Yogananda

2 comentários:

Masamune disse...

Caramba, bibliografia, pegou pesado...hehe

Acredito que meditação pode alterar o cérebro, assim como drogas. Ambos produzem estímulos físico-químicos no cérebro, e se esse estímulo é constante é de se esperar que algo se altere como forma de adaptação.

Quanto à Darwin e evolução diria 2 coisas.

1 - O homem é realmente a espécie mais evoluída do planeta. O que não o torna o melhor, pois isso depende dos valores para definir o que é melhor, se for a velocidade, o guepardo é melhor que o homem.

2-A humanidade já avançou muito. Ter escravos já foi considerado totalmente normal. Matar alguém pra conseguir algo também. A esmagadora maioria da humanidade hoje não concorda com isso. O ponto é que a evolução é extremamente lenta, não se dá nos tempos de uma vida humana, só na base da reencarnação mesmo pra se contar com alguma mudança.

Homem Oco disse...

é isso aí! concordo com seus pontos!

só pus a bibliografia pois, como citei diversos conceitos, quis deixar claro de onde vieram...tem tanta "verdade" na internet né...

abs