domingo, 26 de setembro de 2010

flor de lótus

No dia em que a flor de lótus desabrochou, a minha mente vagava, e eu não a percebi.

Minha cesta estava vazia e a flor ficou esquecida.

Somente agora e novamente, uma tristeza caiu sobre mim.

Acordei do meu sonho sentindo o doce rastro de um perfume no vento sul.

Essa vaga doçura fez o meu coração doer de saudade.

Pareceu-me ser o sopro ardente no verão, procurando completar-se.

Eu não sabia então que a flor estava tão perto de mim

Que ela era minha, e que essa perfeita doçura tinha desabrochado no fundo do meu coração.


Rabindranath Tagore

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

da série Grandes Filósofos da Musica Pop

Capítulo de hoje: Axl Rose


"It's hard to hold a candle in the cold november rain"


"All we need is just a little patience"


"Her hair reminds me of a warm safe place"


"As your arms get shorter, your pockets get deeper"


"So nobody ever told you baby, how it was gonna be"


"Look in the doubt we've wallowed
Look at the leaders we've followed
Look at the lies we've swallowed"


"It feels like I'm knoking on heaven's door" (tá bom vai, essa é do Bob Dylan)


"Lord please please please, take away my anxiety" (e essa é do Joe Ramone....)


"Take me down to the paradise city where the grass is green and the girls are pretty"

"You know where the fuck you are? You are in the jungle baby"


"There's a heaven above you, so don't you cry"


E a mais profunda, verdadeira e genial de todas:

"I had to put her six feet under and I can still hear her complain"

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Pérolas da MPB II

"Faça como o velho marinheiro que durante o nevoeiro leva o barco devagar."
Paulinho da Viola

terça-feira, 14 de setembro de 2010

"Feliz de quem é comunista aos 18 anos. Pobre de quem continua aos 40".
Frase atribuída a Winston Churchill

O presidente cubano Raul Castro tomou uma decisão que na minha visão é muito acertada.

A ilha caribenha tem uma população de aproximadamente 12 milhões de pessoas. Deste total, 5 milhões de pessoas constituem a massa de trabalhadores. Dos 5 milhões, algo como 4 milhões trabalham no setor público. É isso mesmo, 80% da força de trabalho cubana está no setor público.

O ganho médio mensal de um trabalhador do setor público cubano é de R$ 30. Um mendigo no Brasil tem uma renda bem maior que essa.

Bem, voltando. O presidente decidiu demitir 500 mil funcionários publicos nos proximos meses. Ele alega que "a iniciativa privada tem condições de oferecer salarios mais dignos para os cidadãos". Ele também disse "que a abertura da Economia trará prosperidade ao país". Essas informações eu vi hoje de manhã no Bom Dia Brasil.

Puta merda, os caras estão de brincadeira. Eu nunca estive em Cuba mas acho o país uma bosta. Sob nenhum indicador, repito, nenhum eu considero Cuba um sucesso. Nem o tão falado indice de analfabetismo próximo a zero é sinal de orgulho para mim. O que adianta saber ler e escrever e ser obrigado a viver sob um regime ditatorial? Viver com R$ 30 mensais? Dizem também que lá há um dos maiores índices de PHDs per capita do mundo. De novo, pra mim não serve pra nada. O cara conhece toda a obra de Foucault e não pode ter internet em casa.

Eu já tive a oporunidade de visitar alguns países cuja História remete ao comunismo ou qualquer coisa que passe perto disto. Já estive na Hungria. Na Republica Tcheca. Na Polonia. Na Estonia. Na Letonia. Na Lituania. Na Russia. Em nenhum desses lugares o legado foi positivo. Aliás, a grande maioria da população destes locais tem pavor ao comunismo. Ainda hoje temos a Coreia do Norte. Ave, acho que eu seria mais feliz morando em uma plataforma de petroleo do que naquele país. Depois das declarações de Raul Castro me parece que, junto com a Venezuela, é o ultimo bastião do comunismo.

Me espanta algumas pessoas aqui no Brasil ainda terem qualquer idealismo quanto as ideias de esquerda. Meu deus, é de uma infantilidade que chega a beirar a estupidez. Eu levo tão a serio PSTU, PCO, PSOL, PCdoB quanto eu levo o Campeonato Brasileiro da quinta divisão. Só pra se ter uma idéia, aquele tiozinho ridículo candidato a presidencia chamado Plinio de Arruda Sampaio, que defende a Reforma Agraria, tem um patrimonio (declarado) de R$ 2 milhões de reais. Que tal socializar a fortuna dele?

O unico medo real que eu tenho é o PT. Esses caras encontraram um eco tão grande na ignorancia do brasileiro que estão se instalando e corroendo as nossas instituições. O funcionário público mais importante do país - o Presidente - passa os dias fazendo campanha eleitoral. É um acinte à democracia sem precedentes.

A ultima do partido do polvo (como a Veja apelidou o PT) é a oferta de ações da Petrobras.  O genio do Mantega descobriu um jeito de fechar as contas do governo este ano. Se a Dilma ganhar, provavelmente o superavit fiscal do ano que vem será cumprido com a abertura da capital dos Correios.

Cara, eu nao tenho palavras pra dizer o tamanho do asco que eu tenho por este partido...

ps: a declaração de bens da Marta Suplicy, a candidata ao Senado pelo Partido dos "Trabalhadores" é de R$ 12 milhões de reais..

terça-feira, 7 de setembro de 2010

um pouquinho de plágio...

"MAUVAIS SANG
Eu entrei no seminário com 12 anos de idade. Eu era um moleque de 12 anos. Era eu e mais 54 moleques. E lá havia hierarquia e uma ordem estabelecida cruel. Um jeito de manter a ordem que era cruel como em qualquer lugar onde homens gostam de manter a ordem. Eles dividiam os grupos dos moleques em “Maiores”, “Médios” e “Menores”. Eram clubes. Você fazia tudo dentro dos clubes. Faxina, recreação, almoço, jantar, etc. Você vivia dentro dos clubes. Eu tinha 12 anos. Deveria entrar no Grupo dos “Menores”. Porra nenhuma. Me colocaram no Grupo dos “Médios”. Tinha garoto de 13 anos no Grupo dos “Menores”. Fui reclamar com o Frei. Falei : “Ah, qual é? O Miguel tem 13 anos e tá no Grupo dos menores. Porque eu tenho 12 e tô no Grupo dos Médios?” O Frei respondeu secamente: “É que você sabe gritar, ele não sabe”.
Foi a primeira merda. Depois sucederam-se várias outras. Eu tinha que impor respeito em um grupo onde todos eram maiores do que eu. Se bobeasse, tava fudido. E eles queriam mais era me ferrar tipo “vamos fuder o di menor”. E fui ficando cada vez mais agressivo e mais amargo. Eu nunca fazia nada do que eles mandavam. Se me mandavam comer de boca fechada, eu fazia questão de comer de boca bem aberta. Se me mandavam ser o último da fila eu já entrava empurrando. Eu fazia questão de segurar o garfo do jeito errado. Eles não iam conseguir me educar. Então ficava de castigo tipo almoçando de joelhos ou então trabalhando na horta na hora do recreio, essas coisas. Tava cagando. Fui me tornando um moleque solitário e revoltado. Arrumava encrenca com todo mundo e deixava claro que tava andando pra eles e para sua ordem estabelecida. Então eles me mandavam pra trabalhar no sítio. Eu era um moleque urbano. Não entendia porra nenhuma de sítio. E lá tava eu arrancando soja, cortando arroz, cortando cana e arrancando feijão com as mãos todas estouradas de calos, enquanto os moleques bonzinhos tiravam o pó do escritório dos padres e tomavam banho de ducha quente. E a gente lá arrancando soja de manhã até à tarde. Quando a gente voltava pro seminário era uma ducha gelada e cair de cara nas tarefas escolares. Eu e outros moleques como eu, os do tipo que arrumavam encrencas. Do tipo que deviam sofrer corretivos. Eu não queria arrumar encrenca com ninguém. Eu só queria ficar na minha, lendo livros na biblioteca na hora do recreio. E eles me mandavam pra horta pra arrancar tiririca dos canteiros. E me colocavam de capitão do time de futebol. Eu nunca fui o melhor jogador. Eu era só um beque esforçado. Mas eles achavam que eu era o moleque certo pra colocar ordem na casa. Então me colocavam de capitão. E os outros moleques me odiavam ainda mais. Eu não queria colocar ordem na casa de ninguém, e nem provocar desordem. Eu só queria subir até a torre da igreja e ficar lá, sozinho, pensando que um dia minha vida ia melhorar. E cada dia que passava eu só arrumava mais encrenca. E ia ficando com mais ódio de tudo. Saía na porrada com algum outro garoto e ia pro castigo. Então eu só ficava mais revoltado. E eu odiava todo mundo. E eu lembro que eu odiei o Luis Guilherme. Eu odiei esse moleque pra caralho. Eu briguei feio com ele. Eu prometi pra mim mesmo que ia odiar o Luis Guilherme pelo resto da minha vida. E um dia entrei no dormitório e ele tava deitado na cama. E tinha uma senhora do lado dele, chorando muito. E eu não entendi o que tava acontecendo. E eu desci pro pátio e fiquei lá, sozinho como ficava todas as tardes quando não ia pro sítio. Enquanto eu mexia com um graveto no formigueiro fiquei pensando naquela mulher chorando do lado da cama do Luis Guilherme. Alguém me disse que era a mãe dele. Na minha cabeça de moleque que tinha muito ódio não conseguia entender que o Luis Guilherme tinha uma mãe como eu tinha, e que ainda mais, que sua mãe o amava. Eu não conseguia entender como alguém conseguia amar o Luis Guilherme, mesmo se essa pessoa fosse a mãe dele. Acho que eu também não conseguia entender como alguém podia me amar. Eu não acreditava que alguém pudesse me amar. Ninguém podia amar um garoto com tanto ódio dentro de si. No dia seguinte, eu tava no pátio e tocaram a campainha e convocaram todos para a capela. A gente foi lá e o padre nos contou que o Luis Guilherme tinha morrido de Meningite. Eu nem sabia que porra era Meningite. Só consegui entender que o Luis Guilherme tinha morrido. Aquele moleque por quem eu nutria um ódio eterno tinha morrido. Não existia mais. E era por isso que a mãe dele tava chorando. Ela sabia que o Luis Guilherme ia morrer. E eu fiquei com vontade de parar de odiar. Eu fiquei com vontade de amar a mãe dele. Eu fiquei com vontade de chorar, mas eu era o moleque que sabia gritar, o moleque que levava porrada numa briga, que perdia a maioria das brigas que entrava já que os moleques eram sempre maiores do que eu, e eu só apanhava, mas eu era o moleque que não amolecia nunca, que não soltava nenhum grito de dor. De dor, nunca. Eu não podia chorar. Eu podia no mínimo parar de odiar, mas ninguém podia saber disso. Eu vi o caixão doLuis Guilherme na missa de corpo presente e eu não odiava mais aquele moleque, mas eu não queria que ninguém soubesse disso. Todos deviam pensar que eu continuava odiando o Luis Guilherme. Que eu era o moleque que guardava um ódio profundo e imorredouro dentro de si. E quando eu vi levarem o caixão do Luis Guilherme embora, então eu mordi o meu lábio com força. Eu sequei meus olhos de um jeito que eu jamais saberia fazer de novo. Ninguém nunca soube de nada, mas naquele dia eu aprendi que sentimentos bons costumam ser expelidos como a fumaça de uma chaminé se a gente não souber cuidar deles. Naquele dia em que levaram o caixão do Luis Guilherme embora eu quis correr até a porta da igreja e pedir desculpas, mas eu nunca fiz isso. E eu fui ficando assim, em silêncio, sem conseguir dizer o que realmente penso, pelo resto de minha vida. E eu cresci assim, guardando quase tudo dentro de mim. E eu já teria morrido de úlcera se não tivesse aprendido a escrever. Por isso, espero que Deus continue me quebrando essa. Que me deixe com essa manha de escrever o que sinto, porque há muito tempo que sei que de outro jeito eu não sei fazer. Por isso, se puderem me perdoar, eu agradeço."
Texto de Mario Bortolotto - publicado em http://atirenodramaturgo.zip.net/

Chile ou Venezuela?

Um dos principais conceitos em Marketing é o ciclo de vida de um produto. Para não me estender muito aqui, em resumo o ciclo de vida é o momento em que o produto se encontra em relação ao mercado (consumidores, concorrentes etc). Cada momento demanda determinadas ações, sob o risco de nada dar certo. Bem a grosso modo, podemos dividir o ciclo de vida de um produto em quatro fases:

1 - Lançamento (ou nascimento): o produto é um entrante, ou seja, já existem concorrentes atuando nesta categoria (salvo seja uma nova categoria mas aí é outra história). Geralmente nesta fase, usa-se precificação mais agressiva e estratégias de comunicação que visam a tornar o produto conhecido e forçar a experimentação.

2 - Consolidação (ou adolescencia): Se a fase 1 tiver sido bem sucedida, é hora de começar a cristalizar na cabeça do seu consumidor o que é o seu produto, quais os verdadeiros beneficios que ele te entrega. As políticas de preço e de comunicação já começam a ficar mais alinhadas com o posicionamento do produto.

3 - Maturidade (idade adulta): o produto já está bastante consolidado no mercado. O posicionamento de preço, estratégias de comunicação e distribuição seguem completamente o posicionamento da marca. Nesta fase, geralmente as atividades mais comuns são tentativas de manter a marca no seu patamar corrente, seja com ações de inovação ou guerrilha contra novos entrantes.

4 - Fim do ciclo de vida (morte): Pode ser que demore seculos, mas uma hora o produto tende a desaparecer (ou ficar restrito a um nicho). Nesta hora, o mais inteligente é nao investir caminhoes de dinheiro tentando fazer perdurar uma situação que é fatal.

Não por acidente eu fiz uma analogia com os momentos da vida humana. Foi para deixar o meu ponto ainda mais claro. Cada momento exige uma ação. Alimentar um adulto com leite materno não é muito inteligente.

Quando, em 1993, o presidente Itamar Franco e sua equipe economica colocaram o Plano Real no ar, diversas atitudes se faziam necessarias. Uma delas era o aumento da taxa de juros e da carga tributária. O país precisava se capitalizar, sob risco de dar default (calote) nos seus credores e perder completamente qualquer chance de estabilizar sua moeda. Ainda como parte deste projeto de atração de capital internacional, era fundamental fortalecer as instituições do país, de forma que os investidores nao se sentissem ameaçados de perder seu dinheiro (você compraria um tenis em uma loja que a qualquer momento poderia tomar seu tenis de volta?). As agencias reguladoras, o Ministerio Publico, o STF, o Banco Central e tantas outras organizações tinham cada vez mais autonomia. Um terceiro pilar importante deste plano de "lançamento" do produto Real era a diminuição dos gastos do Estado com atividades nao essenciais (para poder lastrear a nova ordem Economica vigente) como siderurgia e telefonia, daí o plano de privatizações.

Quem não se lembra das crises mundiais causadas pelo risco de default de Russia, Coreia e Mexico entre 1998 e 1999 ? O país aguentou firme essas grandes marolas da Economia mundial.

Também fazia parte do plano uma mudança das politicas economicas e institucionais vigentes, quando o país atingisse certa maturidade. A gradual redução das taxas de juros, as reformas tributária, trabalhista, previdenciária e política seriam o proximo passo deste ciclo de vida.

Toda esta introdução para dizer que esse discurso de que o Governo Lula deu continuidade aos avanços economicos do Plano Real é uma grande mentira. Dar continuidade significaria compreender as novas circunstancias mundiais e decidir se era o momento de entrar com as atividades condizentes com o novo ciclo de vida do produto. E era. De 2002 para cá, com exceção da crise de 2009, os ventos da Economia mundial sopraram muito, repito, muito a favor do país. Por causa de um trabalho de quase 20 anos, que iniciou-se em 1991 com o Governo Fernando Collor incentivando as importações e continuou com os presidentes Itamar e FHC, o país adquiriu confiança externa e fortaleceu suas instituições, proporcionando a bonança dos tempos de agora. Nos ultimos anos nós perdemos uma oportunidade única de acelerar ainda mais nosso barco em direção ao primeiro mundo.

E a razão pela qual o Governo Lula não fez o que tinha que ser feito é simples: eles não sabem. Não tem preparo. Ao fazer dos cargos técnicos premiações politicas, transforma-se as instituições em meros joguetes do poder. Exceção feita talvez ao Banco Central, que foi presidido pelo ex-presidente do Bank Boston (e que era filiado ao PSDB) Henrique Meirelles. Ou seja, alguém com preparo.

É muito triste ver uma massa de 50% da população eleitoral sendo enganada por este discurso infantil e mentiroso do PT. As pessoas estão acreditando que o PT foi responsável por ações sociais que beneficiam os mais pobres, que as classes C e D ascendem graças à gestão petista, que o Governo Lula deu continuidade às coisas boas dos governos anteriores. Por favor, nao caia nessa. Isto é mentira. O bolsa familia é uma adaptação do bolsa-escola. As classes C e D estão ganhando poder de compra graças a uma série de fatores que nao descreverei aqui sob risco de deixar este post mais imenso do que já está. E o Governo Lula NÃO deu continuidade ao Plano Real, como já expus acima o porquê.

Estamos decidindo se o país rumará para os portos onde encontram-se Espanha, Irlanda, Chile e Coréia do Sul ou para os portos onde estão Venezuela e Argentina.

Não há maior ação social do que uma Economia saudável e instituições apartidárias. Os investimentos (e principalmente, a eficiência) em Saúde, Educação e infraestrutura são decorrencias.

Se você odeia com todas as suas forças o PSDB e o José Serra (que é o candidato com maiores possibilidades de vencer o PT), vote na Marina. Ou no Eymael. Ou em qualquer outro. Mas eu te peço, com o coração aberto, não vamos deixar nosso país mais oito anos nas maos de pessoas tão despreparadas.

sábado, 4 de setembro de 2010

A Partida

"Quem tem olhos de ver, que veja"
Jesus Cristo

O título do post é o nome de um dos filmes mais belos que já vi. A suavidade e beleza que o filme se utiliza para passar a mensagem "confie na vida, ela sabe mais do que você" é incrivel.

Na cena final, eu chorava copiosamente e gargalhava ao mesmo tempo. Uma mistura de beleza espiritual com admiração pela inteligencia do roteirista produziu esta reação bem esquisita "ni mim".

Eu fico muito feliz ao saber que o mesmo mundo que produz Tarantinos, produz obras de arte como esta.

ps: a atriz que faz a esposa do cara é estonteante hein...