sábado, 30 de agosto de 2008

tv

Tava assistindo a um programa da TV Brasil (é a tv cultura do rio...aqui em casa pega) chamado VER TV. Os caras, basicamente, discutem a TV brasileira. E aí deu vontade de expressar uma opinião sobre este assunto.

Tenho ouvido muita gente dizer coisas como "a tv no Brasil é péssima", "sem tv a cabo não dá pra ficar", "a tv tem que mudar", "as emissoras tinham que melhorar a qualidade da programação" e etc.

Realmente, tv aberta é terrível.Programas como Faustão, Gugu, Super Pop, Big Brother, Panico na TV são verdadeiras pérolas do mau gosto. Mas será que nós não temos nenhuma responsabilidade nisso?

Eu vou explicar, bem resumidamente, como funciona todo o processo. Eu posso falar com propriedade pois por vários anos participei de um dos elos da corrente.Como tudo na vida, quem manda na TV é quem assina o cheque (o anunciante). O vendedor do espaço publicitário faz uma reunião com o cliente (o anunciante) e mostra um relatório com os dados da sua programação: o programa ABC tem essa audiência com x% de homens, da classe B, moradores de áreas urbanas e bla bla bla. O anunciante, então, compra o espaço do programa cuja qualidade e quantidade do público lhe interessa. É só isso.
Traduzindo em miúdos: quem manda na programação da tv são os telespectadores (eu, vc, sua tia, o porteiro do seu prédio...)

A TV Cultura tem níveis de audiência abaixo dos 05 pontos. A novela das 9 da rede Globo sempre ultrapassa os 40.

Portanto, se vc se diverte com o Diego Alemão pegando a mulherada no BBB ou com o cão que toca sanfona na Luciana Gimenes, pare de reclamar.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Eu ando cansado...

Eu ando cansado.Eu ando bastante cansado na verdade.Às vezes, bate até um leve desespero de saber que eu tenho apenas 28 anos e que ainda tenho muita vida pela frente.Não que eu não goste de viver, é só cansaço mesmo.

Cansado de ter desejos não atendidos. Mais cansado ainda de ter desejos atendidos.
Cansado da minha própria vaidade.
Cansado da minha falta de auto-estima. Mais cansado ainda de ver todos fingindo ter auto-estima.
Cansado da minha preguiça frente à vida.
Cansado da minha culpa por sentir o que sinto.
Cansado da minha incapacidade de amar.
Cansado de escolher o tempo todo.
Cansado de lutar o tempo todo.
Cansado de viver nessa sociedade doente, formada por pessoas doentes.
Cansado de ser doente.
Cansado por me achar diferente.
Cansado de querer ser igual.
Cansado de magoar as pessoas.
Cansado de criar expectativas.
Cansado de pensar excessivamente no futuro.
Cansado de correr tanto.
Cansado de fazer coisas.
Cansado de ler.
Cansado de fingir.
Cansado de criticar. Mais cansado ainda de saber que quanto mais critico, mais revelo a minha insatisfação comigo mesmo.
Cansado de invejar.
Cansado de competir.
Cansado de tentar me colocar.
Cansado de criar.
Cansado de buscar alguma espiritualidade.
Cansado de fazer planos.
Cansado de tentar parar de fazer planos.
Cansado de tentar me conhecer.
Cansado de cuidar de mim.
Cansado da distância entre meu discurso e minha prática.
Cansado de ter um discurso.
Cansado de querer acreditar que há algum sentido nisso tudo.
Cansado de querer buscar felicidade.
Cansado de querer ser otimista.
Cansado de querer ser bom.
Cansado de querer ser querido.
Cansado de querer.
Cansado de querer.
Cansado de querer.

Ando só cansado.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Falas de Civilização

Falas de civilização, e de não dever ser,
Ou de não dever ser assim.
Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
Com as cousas humanas postas desta maneira.
Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos.
Dizes que se fossem como tu queres, seria melhor.
Escuto sem te ouvir.
Para que te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
Se as cousas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as cousas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
Ai de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer felicidade!


Alberto Caeiro

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A fantasia do cofre - enriquecer provoca mudanças

"Eu nao poderia ter publicado aqueles contos e depois ter publicado o romance?Não poderia ter passado mais dois anos no First Boston e depois ter cursado as aulas de redação literária?
Por que não enriquecer e depois realizar o seu sonho?

Quando comecei este livro, achei que encontraria numerosos exemplos de pessoas que tomaram este caminho. Certamente, entre todos os jovens milionários que abandoram Wall Street ou o Vale do Silício, encontraria alguns que tivessem empenhado seus esforços em financiar uma bem-sucedida tentativa do sonho que sempre acalentaram.
Mas não encontrei nenhum.
Encontrei muitos homens ricos que agora contribuíam para instituições beneficientes ou que estavam viajando pelo mundo num grande iate.Encontrei muitos que só descobrirarm seu objetivo depois de ganharem algum dinheiro. Muitos que sempre desejaram possuir uma ilha, e agora possuem, ou que sempre quiseram ter um avião e agora têm. Porém não é disso que estou falando.
Estou falando da fantasia comum - depositar seu sonho em um cofre, sair para ganhar dinheiro e depois voltar ao cofre e recomeçar de onde parou.
Conheci muitos que tentaram, nenhum que tenha conseguido.
Encontrei pessoas de Wall Street que foram para as melhores escolas de arte, mas nunca se sobressaíram.
Encontrei pessoas das firmas pontocom que foram para Hollywood escrever roteiros e nunca tiveram êxito.
Tenho certeza de que estão por aí, mas se considerarmos a prevalência da fantasia, os exemplos de sucesso dessa estratégia deveriam ser mais fáceis de encontrar, não?Especialmente para alguém como eu, pois conheço milhares de pessoas que enriqueceram nessas atividades.

(...)

Já vi muita gente enriquecer.Leva o dobro do tempo planejado. Dá mais trabalho do que se espera. Exige mais sacrificios, mais mudanças - ao final, você não se parece nem um pouco com a pessoa que você era antes. E você acaba tão emocionalmente envolvido com aquele mundo - e psicologicamente adaptado a ele - que não quer, realmente, abandoná-lo, pegar o dinheiro e dar no pé.Na batalha pelo sucesso, você passa a respeitar as dificuldades. Você abraça valores. E, embora talvez você tenha dinheiro bastante para comprar uma boate, por exemplo, não consegue se orgulhar de ser proprietário de algo que dá prejuízo.

(...)

Deixe-me descrever o tipo de pessoa que eu tinha mais probabilidade de conhecer.Conheci pessoas como estas aos montes. Não saí à procura delas - elas vinham a mim. Tinham 28, 35, 46 ou 52 anos e haviam se acostumado a estar "bem" de vida.Podres de ricas?Não.Mas possuíam o suficiente para parar e mudar de vida?Com certeza.Queriam fazer isso. Dez vezes por dia imaginavam fazer isso. Mas não conseguiam. Não conseguiam cortar aquela fonte de dinheiro.Procuraram-me depois de saber que eu me afastara do dinheiro. Queriam que eu lhes dissesse como fiz isso. Queriam a chave para destrancar suas algemas douradas.Não importava quanto ganhassem, nunca era suficiente para libertá-las. Assim como alegações éticas raramente impulsionam mudanças, ter dinheiro o bastante para mudar não é por si só uma garantia de que a mudança vá acontecer.Tinha que se tornar pessoal.Alguma outra pessoa precisava dar um empurraozinho.
No início, todos pensam que serão bem fortes para resistir às algemas douradas e aos elogios entusiasmados. "Vou fazer isso durante alguns anos... "
E os tais milionários da Microsoft?
Digo outra vez: conheci muitas pessoas que encontraram alguma coisa que valesse a pena fazer depois que ganharam dinheiro. Mas, quando tinham 24 anos e estavam começando na Microsoft, não disseram a si mesmas "o que realmente quero é ter uma firma de construir lareiras caprichadas com pedras italianas. Como isso vai custar muito dinheiro, é melhor eu trabalhar aqui por dez anos".

(...)

Sonho.Cofre. Uma porrada de dinheiro.Cofre.Sonho
Esta fórmula fria. Calculada.
Mais rara do que eu poderia supor.

Não estou defendendo a idéia de você abandonar seu emprego normal e sair atrás de fantasias.Mas não tranque seu sonho em um cofre, não invista anos de sua vida num emprego normal pela grana que espera conseguir no final. Acredite nesse mito por sua própria conta e risco."

O jornalista Po Bronson sempre quis ser escritor. Quando ficou desempregado, decidiu colocar um velho projeto em prática. Anunciou que escreveria um livro sobre histórias de pessoas que tinham descoberto suas verdadeiras vocações, ou pelo menos tentado descobrir. Recebeu centenas de contatos. Cruzou os Estados Unidos e alguns lugares do mundo pra conversar com algumas.Ouviu cerca de novecentas histórias. Quarenta estão relatadas no livro. Há histórias de êxito, de fracasso, de pessoas ainda na busca.
Quando as pessoas ouviam o título do livro, perguntavam se era sobra vida ou carreira. O autor advertia-os para que não caíssem na armadilha das palavras e respondia "É sobre pessoas que ousaram ser honestas consigo mesmas"


O trecho copiado neste blog é o capítulo 13
O livro chama-se O que devo fazer da minha vida?
Editora Nova Fronteira.