quinta-feira, 22 de setembro de 2011

divagações políticas

Sempre me chamou a atenção como nós, brasileiros, enxergamos a política mais ou menos como futebol. Quem acompanha política "tem" um partido. Quem vota no PT, vota no PT. Quem vota no PSDB, vota no PSDB. E qualquer coisa que surja do "outro lado", não presta. Ou então, escolhemos se gostamos ou não de uma determinada pessoa e pronto, votamos nela, independentemente se ela tenha mudado de partido, de ideologia, de classe social , de sexo e etc.  Eu escuto muita gente falando "Ah, o Fulano é bom"...ou então "Não voto em Beltrano de jeito nenhum"...com raras exceções (tipo o Paulo Maluf), na maioria das vezes não temos a menor ideia de porque Fulano e Beltrano ganharam nossa admiração e aversão, respectivamente...(alguns nomes figuram com frequencia nesta lista, como Mercadante, Suplicy, Chalita).

Bom, eu sempre fui um eleitor do PSDB. Além de me identificar com os ideais do partido, os políticos mais competentes (na minha opinião) dos ultimos 20 anos perteceram ao PSDB: Mario Covas, Paulo Renato,  FHC e José Serra. Porém, há diversos quadros que não me agradam no partido: Geraldo Alckmin, José Anibal, Sergio Guerra etc. Se tiver opção, não voto nesses caras. Também acredito que a melhor prefeita que tivemos foi a Luísa Erundina que, na época, integrava o PT. E votei na Soninha na ultima eleição.

Aparentemente, a próxima eleição para prefeitura terá o Fernando Haddad (PT), o Chalita (PMDB), o Bruno Covas (PSDB) e o Afif (PSD) como concorrentes. Destes, apenas o Afif considero apto a exercer o cargo.Votaria nele.

Surgiu, entretanto, a possibilidade do grupo ligado à Marina (ex-PV) filiar-se ao PPS. Parece que eles estão negociando que o Ricardo Young (candidato derrotado ao Senado em 2010 pelo PV) saia candidato à prefeitura. Eu vejo o seu nome com muito bons olhos. Teria, sem dúvida, o meu voto.

Espero que esta aliança dê certo. Apesar da figura do Roberto Freire, tenho simpatia por vários quadros do PPS. Caso o grupo ligado à Marina se una, tenho a impressão de que carregará muitos e muitos eleitores para este partido. E, se o PSDB insistir em se comportar como um partido pequeno, eu serei um deles.

6 comentários:

Rivotril disse...

concordo com o começo do POST, o debate político no Brasil é superficial, mas qual o motivo disso?. Será que em outros países política é ensinado na escola? Porque não acredito que os brasileiros sejam uma raça diferente dos dinamarqueses ou americanos, manja? Acho que falta alguma base lá no começo da sua formação como cidadão para colocar política como algo importante na sua vida assim como é importante se preocupar com o meio ambiente. Aliás, hoje em dia vejo um grande esforço das escolas para ensinar as crianças a reciclar o lixo, plantar árvore, etc. Será que se dessemos a metade da importância para política não teríamos um país melhor daqui a 10 anos? Me lembro que você comentou que na Espanha os eleitores participavam dos debates com os vereadores e saíam várias discussões e a população participava ativamente...Por que os espanhóis agem assim?

Cesar disse...

Eu não penso que essa emocionalidade da política seja algo intrinsecamente ruim, não no sentido de algo que deveria ser evitado - pq política é a quintessência (?) das relações humnas, e tudo que é humano é muito emocional. Se vc pensar que dificilmente há modelo de democracia política mais claro que o americano, e lá o corinthians x palmeiras é ainda mais claro...além do que o rivotril falou, acho que aqui o problema é que justamente há pouca identificação partidária, de todos os lados: candidatos, eleitores...e muito pq falta projeto político, falta princípios básicos nos quais o partido acredita, que estejam claros para a sociedade e, por isso, as pessoas se identifiquem. Se administrar uma empresa é complicado, que tal administrar uma cidade, um governo... Voc~e não vota num cara, você vota num grupo, que deverá ter competência para cuidar de assuntos tão complexos e diversificados quanto saúde, educação, mobilidade urbana etc. O candidato só é, teoricamente, o mais carismático e o que fala melhor...

Cesar disse...

e se a Marina filiar-se ao PPS, façamos uma aposta: quanto tempo leva para ela achar que tudo tá errado também por lá, brigar com tudo mundo e mudar de partido, de novo?! eeheh

Homem Oco disse...

fala pessoal! legal, bons comentários! só faço duas tréplicas:

acho que o componente emocional deveria ser combatido sim..mas é só a minha opinião..

e pelo que sei (a gente nunca tem acesso à verdade né), o grupo que comanda o PV (capitaneado pelo Penna) havia se comprometido a realizar uma série de ações visando à democratização do partido...esses compromissos não foram realizados, o que levou à saída do grupo recem filiado

abs

Masamune disse...

Cara, não conheço outros países, um pouco os USA por conta de noticiário e é só. Talvez em muitos lugares seja como no Brasil, mas não sei se esse é o ponto.

Não acho que falar de política na escola ajuda. Tenho filhas em idade escolar e prefiro que aprendam a compreender ( portugês) e raciocinar ( matemática). Com essa capacidade confio que vão fazer boas escolhas.

Pois conversando com gringos é isso que mais me chama a atenção. Eles são práticos e objetivos. Fazem escolhas ruins às vezes? Claro que sim, mas na maior parte do tempo são capazes de avaliar o histórico do candidato e aos poucos ir selecionando os melhores. Para isso precisa ter discernimento, não educação política. Fora que com o predomínio de esquerdistas nas escolas isso iria virar doutrinação pura.

Eu não voto mais no PT. Já votei, errei e aprendi. Em geral prefiro o PSDB mas poderia votar em candidatos de outros partidos. A Erundina foi sabotada pelo PT quando prefeita pois teve apoio do Covas na eleição ( o adversário era o Maluf...). Portanto nem nesse caso o PT acertou.

Também tem que se lembrar que eleição não é escolher quem você gostaria mas sim a melhor ( ou menos pior) opção disponível.

Por isso que em SP para prefeito vou lutar para não deixar o PT ( Hadad ???) ou PMDB ( Chalita???) tomarem o poder aqui. Eu viajo muito, e posso dizer que a diferença entre SP e outros estados e capitais é abissal. Isso se deve em parte a Covas, Serra, Alckmin ( também não é meu preferido), Kassab ( blergh) e outros.

Administração é tudo para um prefeito. Um cargo executivo depende menos de ideologia e mais de competência. Por isso que até o Maluf consegue mandar bem, afinal de contas é engenheiro. Já a Marta sexóloga...

Diogo disse...

Sou da opinião de que as pessoas tratam a política como algo emocional porque, em primeiro lugar, os partidos têm medo de afirmar em voz alta valores de direita, então todo mundo propõe a mesma coisa de jeitos diferentes - você se identifica com o candidato e não com a ideia.

Mais um ponto é o ritual de debate, que torna a política distante, lenta, e incompreensível. Então só se torce pela "cutucada" no inimigo.

Um outro ponto que contribui para isso é a centralização do debate em Brasília, ou em um espaço que é apresentado como "dos políticos" e não do povo. E é impressionante o esforço que se faz para afastar o povo dos debates.

Uma vez defendi que o modelo de democracia que temos não presta porque estava longe do Ateniense, no qual só os cidadãos participavam. A maioria burra elegia os governantes toscos, e todos sofriam com isso.

Hoje penso um pouco diferente - como classe média, faço parte da massa de excluídos do debate político, e só sou chamado a participar na época das eleições, quando o seu candidato ganha ou perde.

E política não devia ser futebol - o empate deveria ser bom para os dois, construindo algo novo e melhor, não ruim para os dois que não levam a sua idéia para frente.