terça-feira, 13 de julho de 2010

Casa Grande e Senzala - Versão Capitalista

Tem uma coisa da cultura européia que eu acho incrivel..bem, tem várias na verdade, mas tenho me lembrado de uma em particular esses ultimos tempos...

lembro, há alguns anos, de ter entrado em um bar (acho que estava em Varsóvia) e pedido um treco do cardápio..a garçonete gentilmente disse que não havia, naquele dia, o item escolhido. Pedi então uma outra coisa. Ela desculpou-se e disse que o comprador havia faltado (ou algo do genero) e varios itens estavam em falta. Comecei a demonstrar insatisfação e fui um pouco rude com ela. Ela, sem perder o rebolado, disse calmamente "se não está satisfeito, vá comer em outro lugar".

Na nossa cultura, acredito que muito influenciada pela cultura americana, existe o sentimento de que o cliente pode tudo. Que o fornecedor está lá apenas para servir, não importa o que aconteça. É inadmissivel nao atender um cliente com um sorriso, não procurar fazer todos os esforços para realizar as vontades daquele ser que está pagando pelo seu serviço.

E eu acho isso uma grande bosta. Grande com G maiusculo.

O cliente é tão importante para o fornecedor quanto o fornecedor é para o cliente. É uma via de duas mãos. Um sem o outro não vive. Você quer um serviço, eu quero seu dinheiro. Só isso. Você me dá seu dinheiro, eu dou meu tempo e meu conhecimento.

Quão detestáveis são aqueles scripts de telemarketing com seus "Telefonica agradece sua ligação e está sempre a disposição para atende-lo e bla bla bla"....foda-se....preste seus serviços com qualidade e preço justo que tá tudo certo.

Ou então o "desculpe qualquer coisa" com olhar de cachorro pidão. Me irrita profundamente.

Hoje eu sou prestador de serviço em uma ponta e cliente em outra. À medida que a empresa está ganhando corpo, estamos declinando vários clientes. Declinando mesmo, dizendo "não quero ter você como meu cliente". É incrivel como eles não entendem, parece que falamos russo. Simplesmente achamos você uma bosta de cliente e meu tempo não vale seu dinheiro. E procuramos tratar todos os fornecedores da forma mais respeitosa e equanime possivel.

Garçons não são subraça.
Vendedores não são superseres imunes a crises de mau humor.
Funcionários não nasceram para lamber os seus pés.

Não gostou? Vá comer em outro lugar. Simples assim.

Um comentário:

Masamune disse...

Bem verdade isso, eu também tenho diversos clientes que não quero. E diversos consumidores advogados que prefiro que comprem outra marca...

Mas acho que tem de tudo, a imensa maioria não reclama, é que os chatos se destacam. Se você se deixar levar por revistas ou livros de administração pode entrar nessa de querer agradar todo mundo.

Mas que precisa ter saco roxo pra declinar clientes isso precisa, mas estou seguro que é o melhor caminho muitas vezes.