Quando Dilma Roussef começou a avançar nas pesquisas eleitorais, eu achei que fosse voo de galinha. Achei que seria simplesmente o eleitorado do PT finalmente conhecendo a candidata do Lula e que, historicamente, pararia nos 20 e tantos por cento que sempre votam no PT.
Mas não. Ela subiu, subiu. E ganhou. E eu passei a dar mais valor para os indicios que as pesquisas mostram.
E, pelo andar da carruagem, o próximo prefeito da nossa cidade será Celso Russomano.
Quem é Celso Russomano?
Pelas informações que circulam nos meios de comunicação, Celso Russomano cursou Direito nas Faculdades Integradas de Guarulhos, mas nao foi aprovado no exame da OAB, o que o impede de exercer a Advocacia. Entretanto, correu um processo contra ele por exercício ilegal da profissão de Advogado (http://www.conjur.com.br/1998-ago-13/entidade_mover_acao_deputado_stf).
Celso Russomano foi eleito Deputado Federal em 1994 pelo PSDB. Em 1998 elege-se novamente, desta vez, tendo trocado de legenda, pelo PPB, de Paulo Maluf. É eleito ainda mais duas vezes Deputado por este partido (2002 e 2006), até desentender-se com seu padrinho e filiar-se ao PRB. O PRB é presidido por Marcos Pereira, bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e ex-vice presidente da Rede Record. (http://eleicoes.uol.com.br/2012/noticias/2012/09/06/igreja-renascer-fecha-apoio-a-celso-russomanno.htm).
Apontam contra Celso Russomano diversas acusações. A mais recente de possuir capital social de R$ 1.100.000,00 em um bar ainda nao inaugurado em Brasília, sem que ele tivesse aportado um tostão. Ao ser questionado como isso era possível, Celso Russomano teria dito "Eu vou administrar o bar. Vou fazer jus a este valor, trabalhando".
Como ele pretende administrar um bar em Brasília e governar Sao Paulo ao mesmo tempo é um mistério (http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,candidato-do-prb-vira-dono-de-bar-sem-gastar-nada,930341,0.htm)
Celso Russomano também já foi acusado de:
- direcionar verbas públicas para ONG de sua propriedade (http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/russomanno+destina+r+11+milhao+para+ong+que+preside/n1237855870238.html),
- alterar domicílio eleitoral irregularmente para poder candidatar-se à prefeitura de Santo Andre (http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,russomanno-e-acusado-de-falsidade-ideologica-,889323,0.htm),
- pagar uma funcionária própria com recursos da Câmara (http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/nas-revistas-marcos-valerio-envolve-lula-no-mensalao/), entre outros.
Não bastassem estes rumores sobre a sua ética, na opinião deste blogueiro, Celso Russomano é um paraquedista, sem nenhuma experiencia em gestão e com fortes laços com duas figuras que eu nutro o mais absoluto desprezo: Paulo Maluf e Edir Macedo. E estamos prestes a coloca-lo na prefeitura de nossa cidade.
Eu vou votar em José Serra.
Se você pensa em votar na Soninha, no Chalita ou anular, eu peço que avalie as consequencias do seu voto.
domingo, 16 de setembro de 2012
terça-feira, 4 de setembro de 2012
Um pouco de Política
Texto publicado no estadao.com.br em 04/09/2012.
A "islamização" da política, Serra e o PT
Arnaldo Jabor - O Estado de S.Paulo
Vende-se um candidato como se vende margarina. A perversão do marketing transformou as campanhas eleitorais em uma estratégia de insinceridade, em que os marqueteiros ‘adivinham’ o que o povo quer para o candidato se adaptar a esse ‘desejo’. Assim, todos querem ser eleitos pelo que não são, mas pelo que parecem, seguindo o exemplo bem-sucedido do ‘showman’ Lula que, na linha de Jânio, bastou ‘parecer’. É a estratégia em vez da verdade: ladrões aparentam honestidade, o comuna finge de liberal, o durão finge de bonzinho.
Em São Paulo há um lugar reservado para um populismo tradicional que, de certo modo, a polarização entre PT e PSDB ensombreceu nos últimos anos; este espaço da ignorância já foi ocupado por Ademar, por Jânio, por Maluf (conversem com motoristas de táxi). O vazio está sempre à espera de um impasse político, para que a ‘massa atrasada’ (um termo do PT) corra a eleger um novo demagogo.
Com o crescimento econômico da chamada classe C, o populismo tende a ser mais mágico, mais imediatista, em busca de sucesso e riqueza, um populismo consumista e conservador.
Quem ocupa esse espaço vazio é justamente o movimento evangélico em seus galpões lotados de milhares de pagadores de dízimos à espera de milagres e riqueza.
E o milagreiro da hora será o Russomanno, que é representante da Igreja Universal. Ele nega, claro, mas seus programas de TV só vão ao ar depois de passar pela direção de jornalismo da Record, enquanto obreiros da Igreja Universal visitam casas da periferia, distribuindo santinhos do Russomanno.
Assim, amigos leitores, pode ser que em 2013 a cidade de São Paulo seja governada pelo bispo Edir Macedo, o rei dos supermercados da fé que crescem no País e no exterior. Há pouco, uma marcha reuniu 4 milhões nas ruas de São Paulo, todos embalados pelo desejo de alguma certeza palpável, que os evangélicos prometem. Vejam na TV os milhares de rostos famintos de resposta para suas vidas angustiadas, pastoreados por bispos que parecem assaltantes, gordos, vulgares e milionários com fazendas, aviões e apartamentos em Miami.
Ou seja, está surgindo uma espécie de "islamização" da política no País, com os votos comandados fortemente pelas Igrejas. Já há milhões de fiéis que votam com Deus e política, como no Islã. E há uma sutil coincidência entre isso e o "midiatismo" lulista também feito de abstrações e promessas gerais: o carisma milagreiro da aparência contra a realidade.
Em ambos, no ‘midiatismo’ e no "islamismo caboclo", existe algo de divinal, místico.
Muitas pessoas do enclave "ademar de barros/jânio/maluf" vão votar no Russomanno por quê? Por ordens do bispo, claro, mas muitos também porque sua candidatura tem um sabor de negação da política costumeira, como apostar na zebra porque os cavalos favoritos não resolveram nada. Há algo do ‘efeito Tiririca’ nisso tudo.
No mundo inteiro, a crise econômica e política favorece líderes reacionários. Dentro dos impasses geram-se os canalhas.
O fascista Chávez vai ser reeleito, o fanatismo árabe persiste para além da ‘primavera’, o repulsivo Mitt pode ganhar nos USA e levar o Ocidente ao caos. Aqui, a cidade mais importante da América Latina pode ser entregue ou a uma sutil "teocracia oportunista" ou aos conquistadores do PT, em busca de mais um território tomado para ‘não’ ser governado. E no meio, o José Serra acreditando na racionalidade. Em meio a esse ‘místico peleguismo’, como explicar as vantagens da ‘social democracia’ para uma população semianalfabeta?
Mas, Serra também errou. Tudo começou em 2002 quando, diante de meus pobres olhos perplexos, Serra não defendeu o governo de FHC diante dos ataques de Lula no debate. Eu vi a cara do Lula quando percebeu que a intenção do adversário era ‘não’ defender o excelente governo que acabara com a inflação, fez reformas, etc... Por estratégia (quem foi a besta que inventou isso?), ninguém podia defender os grandes feitos que o PSDB tinha conseguido... Lula, espertíssimo, deitou e rolou nesse equívoco imperdoável, inesquecível, que começou a derrotar o próprio Serra e o tucanato por tabela. Nunca entenderei isso. Como não demitiram o chefe da campanha e deixaram-no persistir nos erros até hoje? Serra acreditou no marketing em vez de crer em si mesmo e em sua verdade.
Conheço-o há muitos anos e sei de sua enorme competência administrativa, seu amor ao progresso por adesão à razão. Mas conheço também sua astronômica teimosia, sua autossuficiência de filho único, sua hybris (‘arrogância’ que provoca punição dos deuses nas tragédias), como apontou o Demétrio Magnoli outro dia. É trágico vermos o crescimento do erro.
Conheço bem o Serra e sei que ele não é ‘bonzinho’ e sorridente como mandam os marqueteiros.
O sorriso de Serra prometendo coisas na TV soa falso; o povão percebe que algo ali está faltando na fala dele. O que falta? Falta a sua sinceridade: Serra é zangado, ‘empombado’ e quer realmente fazer um bom governo. Teria de assumir isso, enquanto é tempo. Tem superar seu complexo de Édipo e chamar FHC para a campanha (o que não fizeram até agora), tem de mostrar com clareza, com imagens, o importantíssimo trabalho que fez como ministro da Saúde e não ficar dando sorrisinhos de Papai Noel na TV. O eleitor respeita gente sincera, cortante, corajosa. Ele tem de mostrar as aventuras populistas e falar das acusações que pesam sobre o Russomanno, como as supostas ações de falsidade ideológica, a acusação de seu uso indevido da advocacia, seu suposto envolvimento com o Cachoeira.
E mais: ele errou ao subestimar o papelucho que assinou na TV dizendo que não abandonaria a Prefeitura. O povo não perdoa o descaso com que tratou o ridículo juramento. Ele tinha sim de chamar testemunhas, até religiosos e juristas e, fazendo um pouco o jogo do populismo ‘midiático’, jurar solenemente diante de todos que jamais largará a Prefeitura.
Serra tinha de cumprir sua melhor promessa, quando se lançou em 2010: "Se vierem com mentiras, responderei com verdades".
A "islamização" da política, Serra e o PT
Arnaldo Jabor - O Estado de S.Paulo
Vende-se um candidato como se vende margarina. A perversão do marketing transformou as campanhas eleitorais em uma estratégia de insinceridade, em que os marqueteiros ‘adivinham’ o que o povo quer para o candidato se adaptar a esse ‘desejo’. Assim, todos querem ser eleitos pelo que não são, mas pelo que parecem, seguindo o exemplo bem-sucedido do ‘showman’ Lula que, na linha de Jânio, bastou ‘parecer’. É a estratégia em vez da verdade: ladrões aparentam honestidade, o comuna finge de liberal, o durão finge de bonzinho.
Em São Paulo há um lugar reservado para um populismo tradicional que, de certo modo, a polarização entre PT e PSDB ensombreceu nos últimos anos; este espaço da ignorância já foi ocupado por Ademar, por Jânio, por Maluf (conversem com motoristas de táxi). O vazio está sempre à espera de um impasse político, para que a ‘massa atrasada’ (um termo do PT) corra a eleger um novo demagogo.
Com o crescimento econômico da chamada classe C, o populismo tende a ser mais mágico, mais imediatista, em busca de sucesso e riqueza, um populismo consumista e conservador.
Quem ocupa esse espaço vazio é justamente o movimento evangélico em seus galpões lotados de milhares de pagadores de dízimos à espera de milagres e riqueza.
E o milagreiro da hora será o Russomanno, que é representante da Igreja Universal. Ele nega, claro, mas seus programas de TV só vão ao ar depois de passar pela direção de jornalismo da Record, enquanto obreiros da Igreja Universal visitam casas da periferia, distribuindo santinhos do Russomanno.
Assim, amigos leitores, pode ser que em 2013 a cidade de São Paulo seja governada pelo bispo Edir Macedo, o rei dos supermercados da fé que crescem no País e no exterior. Há pouco, uma marcha reuniu 4 milhões nas ruas de São Paulo, todos embalados pelo desejo de alguma certeza palpável, que os evangélicos prometem. Vejam na TV os milhares de rostos famintos de resposta para suas vidas angustiadas, pastoreados por bispos que parecem assaltantes, gordos, vulgares e milionários com fazendas, aviões e apartamentos em Miami.
Ou seja, está surgindo uma espécie de "islamização" da política no País, com os votos comandados fortemente pelas Igrejas. Já há milhões de fiéis que votam com Deus e política, como no Islã. E há uma sutil coincidência entre isso e o "midiatismo" lulista também feito de abstrações e promessas gerais: o carisma milagreiro da aparência contra a realidade.
Em ambos, no ‘midiatismo’ e no "islamismo caboclo", existe algo de divinal, místico.
Muitas pessoas do enclave "ademar de barros/jânio/maluf" vão votar no Russomanno por quê? Por ordens do bispo, claro, mas muitos também porque sua candidatura tem um sabor de negação da política costumeira, como apostar na zebra porque os cavalos favoritos não resolveram nada. Há algo do ‘efeito Tiririca’ nisso tudo.
No mundo inteiro, a crise econômica e política favorece líderes reacionários. Dentro dos impasses geram-se os canalhas.
O fascista Chávez vai ser reeleito, o fanatismo árabe persiste para além da ‘primavera’, o repulsivo Mitt pode ganhar nos USA e levar o Ocidente ao caos. Aqui, a cidade mais importante da América Latina pode ser entregue ou a uma sutil "teocracia oportunista" ou aos conquistadores do PT, em busca de mais um território tomado para ‘não’ ser governado. E no meio, o José Serra acreditando na racionalidade. Em meio a esse ‘místico peleguismo’, como explicar as vantagens da ‘social democracia’ para uma população semianalfabeta?
Mas, Serra também errou. Tudo começou em 2002 quando, diante de meus pobres olhos perplexos, Serra não defendeu o governo de FHC diante dos ataques de Lula no debate. Eu vi a cara do Lula quando percebeu que a intenção do adversário era ‘não’ defender o excelente governo que acabara com a inflação, fez reformas, etc... Por estratégia (quem foi a besta que inventou isso?), ninguém podia defender os grandes feitos que o PSDB tinha conseguido... Lula, espertíssimo, deitou e rolou nesse equívoco imperdoável, inesquecível, que começou a derrotar o próprio Serra e o tucanato por tabela. Nunca entenderei isso. Como não demitiram o chefe da campanha e deixaram-no persistir nos erros até hoje? Serra acreditou no marketing em vez de crer em si mesmo e em sua verdade.
Conheço-o há muitos anos e sei de sua enorme competência administrativa, seu amor ao progresso por adesão à razão. Mas conheço também sua astronômica teimosia, sua autossuficiência de filho único, sua hybris (‘arrogância’ que provoca punição dos deuses nas tragédias), como apontou o Demétrio Magnoli outro dia. É trágico vermos o crescimento do erro.
Conheço bem o Serra e sei que ele não é ‘bonzinho’ e sorridente como mandam os marqueteiros.
O sorriso de Serra prometendo coisas na TV soa falso; o povão percebe que algo ali está faltando na fala dele. O que falta? Falta a sua sinceridade: Serra é zangado, ‘empombado’ e quer realmente fazer um bom governo. Teria de assumir isso, enquanto é tempo. Tem superar seu complexo de Édipo e chamar FHC para a campanha (o que não fizeram até agora), tem de mostrar com clareza, com imagens, o importantíssimo trabalho que fez como ministro da Saúde e não ficar dando sorrisinhos de Papai Noel na TV. O eleitor respeita gente sincera, cortante, corajosa. Ele tem de mostrar as aventuras populistas e falar das acusações que pesam sobre o Russomanno, como as supostas ações de falsidade ideológica, a acusação de seu uso indevido da advocacia, seu suposto envolvimento com o Cachoeira.
E mais: ele errou ao subestimar o papelucho que assinou na TV dizendo que não abandonaria a Prefeitura. O povo não perdoa o descaso com que tratou o ridículo juramento. Ele tinha sim de chamar testemunhas, até religiosos e juristas e, fazendo um pouco o jogo do populismo ‘midiático’, jurar solenemente diante de todos que jamais largará a Prefeitura.
Serra tinha de cumprir sua melhor promessa, quando se lançou em 2010: "Se vierem com mentiras, responderei com verdades".
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